quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Que bonitos são os pardais

Levantei-me cedinho. Não que tivesse dormido mal, mas talvez dizer que não dormi bem.

Abro a janela e olho a Rua. Cinzenta sem sol. Um pardal está pousado sobre o telhado da frente, "cumprimenta-me", dando-me os "bons dias", com o seu olhar e com a sua presença. É o único ser vivo que vislumbro, pois pela Rua sempre movimentada não passa ninguém. Atrevo-me a dar um olá à ave que continua me olhando, indiferente, sem medo. Dei então largas à minha imaginação e deixei-me vaguear no tempo e pelo tempo. A ave que saltita alegremente fez-me pensar que tudo é belo se não pensarmos no menos belo. As aves embora não dotadas de pensamente, são inteligentes e, sentem na presença humana, quem lhes quer fazer mal e/ou bem.

Por isso ali continuava tão perto de mim como se eu não existisse.

Tive inveja da sua personalidade e porque não dizê-lo da sua liberdade. Não da liberdade da existência, porque nessa sou livre, mas sim na liberdade de vivência, no que concerne ao pensamento. Não pensa, não sente na alma, porque a não tem, os desesperos continuados, que são a “faca” espetada, que não nos deixa refletir e ... Dormir

Fosse eu um pardal e não tinha sofrido mais uma desilusão ao ver jogar o Benfica no jogo de ontem. Embora estivesse mentalizado que poderíamos perder, o meu ego negava-se como sempre se nega a admitir a derrota, acontecida ontem, por 2-0, contra o Lyon de França, para a Champions League. Ver o Benfica jogar menos bem tira-me do sério, sou menos capaz, sinto-me sozinho, qual “águia” sem pouso nem serro onde me refugiar.

Calar o coração é muito pior que gritar. Mas se grito lá tenho o vizinho da lado que no imediato me critica, apelidando-me até de ser “maluco”, pois não compreende ou não sabe as razões do meu grito. Se calhar nem desportista é, ou quem sabe, não tem a sensibilidade de quem “sofre” as amarras da paixão clubista.

Vou sair e dar o meu grito mais além. Não o vou dar aqui e nem é preocupado com aquilo que o vizinho pense ou não de mim. É apenas para não assustar o meu amigo pardal que ali continua me olhando parecendo até cúmplice do meu pensamento

Até me parece ouvi-lo "dizer": Não penses mais amigo benfiquista. O dia de ontem já lá vai e o que conta é sempre o hoje, e o amanhã.

E amanhã terás certamente eternas alegrias com a tua ÁGUIA VOANDO SOBRE OS CÉUS

Que bonitos são os pardais

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