Isto não há volta a dar-lhe, nem há outra forma de começar: as minhas sinceras desculpas!
Ao Enorme Fundador d’ OBELOVOAR, o meu Amigo Ricardo, cujo Benfiquismo faz deste blogue um exemplo e, sobretudo, aos Leitores a quem prometi que, aqui, poderiam, sempre, recolher informação absolutamente fidedigna sobre as “Contas” do Glorioso.
Estou envergonhado por vos ter defraudado com um erro que eu não admito a outros e muito menos a mim próprio: falta de rigor!
Se estão recordados, há umas semanas escrevi um texto sobre o ‘silencio’ da mérdia a propósito das “Contas” das 3 SAD cotadas na Bolsa e ‘ataquei’ essa omissão com a minha convicção de que este exercício terminado em 30 de junho passado iria revelar resultados catastróficos quer para a osgalhada quer para o crac, enquanto os resultados da Nossa SAD deveriam ser, apenas, quase nulos, ou seja: uma vez mais e como sempre sucede quando o Benfica está melhor que os seus adversários e inimigos, a mérdia ‘demite-se’ do seu dever de informar.
O “R&C” já publicado pela osgalhada (em prazo record, o que tem de ser considerado meritório) e todos os sinais que nos chegam do norte, confirmam o que eu argumentava, mas, tristemente, o recente comunicado (datado de dia 19) da Benfica SAD veio desmentir parte do meu otimismo.
Uns dias depois, ‘encantado’ pelos números relativos ao 3º trimestre (janeiro a março), cometi a infantilidade de vos escrever sobre uma ‘previsão’ que eu acabava de fazer e segundo a qual esperava que os resultados finais em 30 de junho para todo o último exercício pudessem chegar a ser … positivos, ainda que muito ligeiramente: erro crasso!
Ainda que tenha esclarecido que não o fazia baseado em nenhuma informação privilegiada, ainda que tenha confessado (explicando os detalhes) a ‘simplicidade’ dessa previsão e ainda que tenha deixado claro alguns dos pressupostos (que, sabemo-lo agora, eram falsos) que não pudera confirmar (como a questão do “market pool da Champions”), o que é um facto é que me permiti ‘contagiar-vos’, a todos, com o meu otimismo sem rigor.
Não há volta a dar-lhe: as minhas sinceras desculpas.
Enfim … adiante.
Para vossa comodidade (para não terem de andar de link em link), começo por recordar-vos a seguir o ‘filme’ (muito sintético) da exploração da SAD ao longo dos 3 primeiros trimestres do exercício …
30/9/2011 31/12/2011 31/3/2012
A Proveitos Operacionais 26,4 50,2 74,8 B
Custos Operacionais (21,2) (42,7) (64,1)
C (=A+B) Resultado Op. 5,3 7,5 10,7
Operações c/ Atletas
D Proveitos 20,5 23,0 24,8
E Amortizações (7,1) (14,4) (20,9)
F (=D+E) Resultados c/ Atletas 13,4 8,6 3,9
G (=C+F) Resultados Op. Totais 18,6 16,1 14,6
Operações Financeiras
H Proveitos 1,4 2,8 4,6
I Custos (5,0) (10,5) (16,7)
J (=H+I) Resultados Financeiros (3,6) (7,7) (12,1)
L (=G+J) Resultados Líquidos 15,0 8,4 2,5
Legenda: Valores em 10^6 euro (milhões de euro)
Valores ‘negativos’ entre parêntesis
E, agora, peço a vossa atenção para (o filme de terror) a comparação entre a ‘previsão’ que eu fiz e a realidade dos números, explícitos e implícitos, constantes do comunicado publicado pela SAD
Previsão 30/6/2012 Comunicado CMVM
A Proveitos Operacionais 100 91,1 B
Custos Operacionais 86 83,6 (1)
C (=A+B) Resultado Op. 14 7,5 (1)
Operações c/ Atletas
D Proveitos 30 ?
E Amortizações 27 ?
F (=D+E) Resultados c/ Atletas 3 (2,4)
G (=C+F) Resultados Op. Totais 17 5,1
Operações Financeiras
H Proveitos 6,5 ?
I Custos 22 ?
J (=H+I) Resultados Financeiros (15,5) (16,8) (1)
L (=G+J) Resultados Líquidos 1,5 (11,7)
Legenda: Valores em 10^6 euro (milhões de euro)
Valores ‘negativos’ entre parêntesis
(1) Valores calculados a partir dos indicados no comunicado.
Importa complementar estes dados com outros que constam no comunicado, como segue:
1 Que as vendas de Javi Garcia e Witsel foram posteriores a 30 de junho;
2 Que o Activo consolidado cresceu para 412ME e o Passivo consolidado cresceu para 426ME, resultando num Capital Próprio consolidado negativo de 14ME; e
3 Que a totalidade dos prémios da Champions quase chegou a 22,4ME (quando já tinha ultrapassado os 21ME em 31 de março).
Para encerrarmos o tema pelo qual vos continuo a pedir as minhas desculpas, comecemos por esclarecer o seguinte:
1 Boa parte do meu erro (quantitativo) resultou de sobrestimar a rubrica ‘Proveitos Operacionais’ em quase 9ME (eu esperava que houvesse bem mais de 1,4ME a receber no 4º trimestre do ‘market pool da Champions’ e esperava que os ‘Red Pass’ já estivessem disponíveis para compra antes do final de junho);
2 Também sobrestimei (5,4ME) a rubrica “Resultados c/ Atletas”, o que implica (confirmaremos quando for publicado o ‘R&C”) que as operações realizadas no 4º trimestre tiveram um ‘saldo negativo’ de 6,3ME, quando eu esperava que esse ‘saldo’ não chegasse a 1ME negativo (basicamente, admiti que fossem melhores os resultados das vendas do Eder Luís e do Fellipe Bastos e errei na estimativa do valor das amortizações);
3 O desvio (1,3ME) na minha previsão para os “Resultados Financeiros” deverá ser explicado (logo o saberemos) por um erro na minha previsão dos ‘Proveitos’ (linha H), mais do que na previsão dos ‘Custos’ (linha I), face ao esmagamento recente de algumas taxas de juro (as passivas).
Felizmente que o meu clarissímo ‘antivieirismo’ (ahahah) me ‘obrigou’ a sobrestimar os Custos Operacionais (2,4ME), ou esta minha vergonha ainda seria mais profunda.
Explicados (e desculpados, espero) os meus erros, passemos a uma breve análise do comunicado da SAD, com a minha promessa de nunca mais partilhar convosco ‘previsões’ que não resultem de um trabalho rigoroso de investigação.
O Comunicado da SAD.
Em primeiro lugar, permitam-me que saúde a Administração da SAD por ter demonstrado, 81 dias após o encerramento do exercício, que tem todas as “Contas” apuradas: de facto e por mais sintético que ele seja, não tenho a menor dúvida de que a Administração só remeteu aquele comunicado para a CMVM porque o exercício está fechado e o processo de auditoria externa concluído, ainda que esteja por apresentar o respetivo relatório.
Se este reconhecimento seria sempre de fazer, ainda o é mais neste ano eleitoral e ainda mais quando a síntese dos números divulgados não pode ser rotulada de ‘eleitoralista’. No ‘topo do bolo’ espero que a SAD venha a colocar a ‘cereja’ de uma publicação do “R&C” final ainda antes da AG Eleitoral do próximo mês.
Na próxima AG do Clube (convocada para aprovar o Relatório de Execução do Orçamento do exercício de 2011/12), espero que este sucesso seja devidamente assinalado por todos os Companheiros presentes, tal como desejo que ele passe a constituir um ‘património consuetudinário’ (como se de jurisprudência se tratasse) a preservar pelos futuros Corpos Sociais.
Quanto aos (necessariamente poucos, por respeito ao Auditor) números em si e por mais que eu tenha ficado surpreendido, sinto o dever de afastar qualquer ponta de alarmismo que eles possam ter suscitado na maioria dos Benfiquistas.
Apesar dos números revelarem que, tal como alertava o Enorme Carlos Alberto (BENFILIADO), mesmo vendendo o Fábio (80%) e chegando aos ‘quartos’ da Champions, acabamos o exercício com 12ME de prejuízo, não podemos esquecer que este foi o penúltimo ano do ‘roubo’ do mamão chupista, ou seja: bastaria que a SAD tivesse aceite a renovação antecipada do contrato com o olibeiredo pelo valor por ele proposto – mais de 22ME contra os cerca de 8ME atuais, e o prejuízo passaria a lucro.
O Gestor que eu fui tem fobia por prejuízos (detesto-os, provocam-me náuseas, úlceras e noites mal dormidas), mas tenho de reconhecer que as exigências desportivas do Nosso futebol e a lógica dos investimentos da SAD (mantendo-os), justificam uma certa ‘dose de tolerância’ para com prejuízos, digamos, ‘controlados’, especialmente quando sabemos que eles decorrem de alguns ‘custos extraordinários’ como os que resultam da crise financeira e de uma estrutura interna de custos (sobretudo salariais) que queremos já ter ‘libertada’ da canga imposta pelo mamão.
O Passivo cresceu mais que o Activo?
Obviamente e como sempre que sucede quando temos um exercício com prejuízo!
O Passivo voltou a ser maior que o Activo?
Um facto indesmentível, mas absolutamente transitório (um Balanço apurado hoje, mostraria um Activo maior que o Passivo, fruto das ‘vendas’ do Javi e do Witsel)!
A SAD está em “Falência Técnica”?
Uma afirmação ridícula, só admissível em caso de má fé e/ou de extrema ignorância!
Quem acompanha os meus escritos sobre estas matérias não pode ignorar que a SAD tem um Activo muito subavaliado em várias rubricas (juntos, o Javi e o Witsel deveriam estar no Balanço por menos de 10ME e o mercado ‘avaliou-os’ em seis vezes mais), razão pela qual quem insistir nesse ‘espantalho da falência técnica’ … nem resposta merece.
Qual é, então, a situação económica?
O comunicado revela que a situação económica da SAD se mantem, ou seja: (a) a exploração corrente (Resultados Operacionais) mantem-se substancialmente positiva (o que corruptos e osgas gostariam de poder dizer), mesmo em período de crise e sem ‘favores’ do olibeiredo e (b) a gestão dos ‘ativos desportivos’ (os passes de Atletas) continua a fazer-se (3 anos sucessivos) de tal modo que as vendas e empréstimos de Atletas permitem cobrir a soma de todas as imparidades com a amortização contabilística anual de todo o Plantel.
Quem achar que isto é pouco, faça o favor de encontrar mais exemplos entre os maiores clubes da europa.
Qual é, então, a situação financeira?
Sensivelmente a mesma, muito exigente, que a SAD vem ‘aceitando’ desde que decidiu proceder a toda a série de investimentos que vem concretizando há uma década (parque desportivo, Equipa, BTV, etc.), sem ter capitais próprios suficientes, ou seja uma situação em que temos de ‘pagar’ uma monstruosidade de custos financeiros, particularmente agravada pelo atual quadro critico dos mercados financeiros.
Uma vez mais vou afirmar que se trata de uma situação que me parece estar a ser muito bem controlada pela Administração da SAD e que vai persistir neste próximo exercício (o derradeiro com o mamão).
Para a superar, assim ‘de um salto’ e de imediato, só vejo duas soluções: (c) ou vendemos ativos (subavaliados e facilmente transacionáveis, ou seja … Atletas) e usamos o dinheiro para reduzir os empréstimos, ou (d) mobilizamo-nos para aumentar o Capital Social da SAD numas dezenas de milhão de euros e usamos o dinheiro para reduzir os empréstimos.
Para a superar, sustentavelmente e a médio prazo, teremos de rentabilizar os Nossos direitos de TV, somar-lhes, se possível, o naming da Catedral e manter os atuais princípios e equilíbrios de Gestão, passando a aplicar, a partir de 2013, boa parte dos proveitos adicionais assim obtidos na redução paulatina daqueles empréstimos.
Que me perdoem os Colegas pela simplicidade da linguagem aqui usada, mas sinto que a importância do assunto exige que todos os Companheiros possam acompanhar estes raciocínios.
Haveria muito mais a comentar sobre o comunicado da SAD em apreço, mas não quero abusar da pachorra dos Amigos d’ OBELOVOAR, além de que acredito que esses comentários terão muito mais valor e interesse quando se referirem ao ‘R&C” final, tal como a Administração o virá a apresentar aos Acionistas e para sua aprovação.
De todos esses aspetos adicionais, há apenas um que quero destacar: a interpretação dos números do comunicado leva-me a inferir que houve outros prejuízos no Grupo que a SAD teve de consolidar (cerca de 3ME) e que, por agora, apenas posso tentar ‘adivinhar’ especulativamente.
Traumatizado pela minha anterior tentativa de ‘adivinhação’ (ahahah), apenas vos digo que me não vou surpreender se o “R&C” reportar um prejuízo anormal (já tinha as contas equilibradas) no exercício da Nossa BTV: terá sido resultado de novos investimentos, ou do enriquecimento dos conteúdos, ou de ambos os fatores?
Não sei a resposta, mas aqui fica o alerta.
Viva o Benfica!
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Superiormente escrito por: José Albuquerque / PEDRO ÁLVARES CABRAL
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