Para quem teve a infelicidade de acompanhar o futebol português nos anos 90, as memórias passarão muito pelo apito dourado, pelos quinhentinhos, por um conjunto de árbitros viciados em fruta e em café com leite, bem como em viagens ao Brasil.
Era o mais bem elaborado esquema mafioso que o mundo do futebol mundial já conheceu.
Controlava os árbitros dentro e fora de campo, adversários (lembro-me de um Leça que tinha 14 (catorze) jogadores emprestados pelos andrades), federação, liga, arbitragem, disciplina, justiça... enfim, controlo total!
Nesses obscuros anos 90, o Benfica andava consequentemente pelas ruas da amargura, futebol à altura dos seus futebolistas que é o mesmo que dizer... fraquinho... quem não se lembrará de nomes que ainda hoje devem estar para perceber como é que jogaram no Glorioso, como por exemplo King, Amaral, Marinho, Porfírio, Leónidas, Gary Charles, entre tantos, tantos outros...
Esse era o Benfica da segunda metade da década de 90, fruto do maior erro da história do centenário Benfica: a contratação de Artur Jorge e a destruição da equipa campeã em 93/94. Um Benfica a definhar contrastando com um Porto a ganhar títulos em barda.
Pois bem, quem, num exercício ao estilo "Regresso ao Futuro" pudesse viajar no tempo desde 95/99 até 2019, não encontraria grandes diferenças naquilo que é essencial nos dois pontos atrás referidos.
Senão vejamos:
Claramente os mafiosos andrades recuperaram o controlo da máfia que domina o futebol português. Depois de um período de nojo forçado pelo escândalo do apito dourado, eis que eles aí estão em todo o seu esplendor a controlar tudo dentro e fora de campo. A grande diferença é que agora também controlam o VAR. E quando o árbitro de campo não ajuda, funciona a VARgonha das novas tecnologias que vieram validar muita mentira desportiva!
Controlam ainda a Federação (não esquecer que o Fernando "faturas" Gomes fez parte dessa máfia, tal como Tiago Craveiro). Controlam a Liga, com o amigo Proença e a inefável Sónia Carneiro, controlam a disciplina e a justiça, como facilmente se vê semana após semana. E controlam o Fontelas (arbitragem).
Tudo à luz do dia. Com mil câmaras a filmar e com uma comunicação social nojenta a salivar por mais enxovalho ao Benfica.
A contrapor a esta máfia, exigia-se um Benfica à altura, dentro e fora de campo.
Mas o que verá o Benfiquista "transportado no tempo" de 99 para 2019?
Verá um futebol (??), ao pior estilo dos anos 90, com jogadores que um dia tentarão convencer os netos (incrédulos), de que jogaram no Glorioso.
Verá um grupo de homens a correrem atrás de uma bola, desordenadamente, sem alma, sem chama, sem ideias, sem nada. Uma anarquia, ao melhor estilo de um jogo de solteiros/casados, que estará sempre mais perto de correr mal do que de correr bem!
Esse benfiquista transportado 20 anos no tempo, verá um (des)treinador no banco cuja melhor ideia para o futebol do Benfica é entrar com o pé direito no grande círculo ou dar duas voltas à rotunda de Alverca.
Olhar para o Benfica hoje, não andará muito longe disto. É certo que temos uma dívida gigante fruto do investimento no betão, que é, visivelmente o símbolo da obra de Vieira. Mas é confrangedor vermos que tivemos tudo nas mãos na época passada e que um Presidente, uma Direcção e uma Administração da SAD, tomaram uma opção criminosa de não investir uma ínfima parte dos mais de 100 Milhões em vendas, para reforçar o plantel depois da saída de 4 jogadores titulares.
Não só pelo penta (claro que também), mas sobretudo pelo que isso significaria para os nossos rivais (uns intervencionados pela UEFA, outros à porrada entre eles). Arrisco dizer que ganharíamos não cinco, mas sete ou oito títulos seguidos, com a correspondente máquina de facturação, fruto das receitas da Liga dos Campeões, merchandising, bilheteira, publicidade, etc...
A opção, repito, CRIMINOSA, de não investir e acreditar que continuaríamos a ganhar porque os planetas estavam alinhados, só podia dar no que deu.
Abrimos caminho para que os andrades fossem campeões, saíssem da alçada da intervenção financeira da UEFA e agora eles aí estão, nos 1/8 da LC e lançados para o bi-campeonato (e eu arrisco que não ficarão por aí).
E o que aconteceu ao tetra-campeão de 2017? Aconteceu o óbvio. Aconteceu o que só podia acontecer quando se tomam decisões criminosas. Hoje, o Benfica definha dentro de campo, é o adversário mais apetecível para qualquer Montalegre desta vida, é um grupo de jogadores mas nunca será uma equipa.
Tudo, com o cunho do (des)treinador. Qualquer treinadorzeco de juniores dá um baile ao professor que se senta no nosso banco!
Para lá do pontapé na bola, medíocre e enfadonho em que se tornou o nosso jogo, também já o discurso é de alguém completamente desligado da realidade e que, há que dizê-lo, não tem um mínimo de dignidade e espinha vertebral! Alguém que sabe que estava despedido. Que jogadores, adeptos, direcção, administração da SAD não acreditam nele, mas que se mantém, qual lapa, agarrado a uma luz que um lunático viu, só pode ser alguém sem coluna vertebral. Alguém que está a destruir, não apenas o presente, mas o futuro próximo do Benfica!
E, por falar em luz, esse é na minha opinião, o segundo maior erro da história do Benfica: a permanência do professor, depois de 7 mil milhões de alminhas neste calhau que roda à volta do Sol, terem percebido o inevitável: podemos tirar o professor de equipas pequenas, mas não podemos tirar a mentalidade de equipa pequena ao professor!
E, obviamente, não atribuo ao professor o ónus do erro. Ele apenas não tem hombridade para ir à vida dele.
Há responsáveis! Maiores! Bem maiores!
O que dizer da Direcção do clube? Impávida e serena a ver a auto-destruição de um clube que ainda há ano e meio foi tetra. Será propositado? Será que o facto de Vieira ter trazido as víboras que eram seus opositores, significa que estes estão a assistir de poltrona ao definhar do Benfica para depois se apresentarem como alternativa? Assim de repente lembro-me de José Eduardo Moniz e das suas declarações a respeito da luz que Vieira viu... e não gosto! Abomino, mesmo!
E o que dizer da administração da SAD?
Como é que manter um (des)treinador que é um cancro no clube, que nos custou muitos e muitos milhões na Europa (para lá do incalculável valor de prestígio perdido), decisão que tem um impacto de milhões numa sociedade desportiva cotada em bolsa, como é que essa decisão é deixada às arbitrariedades das visões nocturnas de Vieira???
Domingos Soares de Oliveira e Rui Costa não podem sair incólumes! São responsáveis como Vieira. Cúmplices e coniventes, por acção e por omissão!
Este Benfica é pois um Benfica ao nível dos anos 90. Um Benfica a definhar tal qual Vieira diz tantas vezes que o encontrou. Ironia do destino, Vieira arrisca-se a deixar o Benfica igual ou pior do que o encontrou, amorfo, com os sócios e adeptos, divorciados do clube, mas sobretudo da equipa de futebol. A caminho do 4º lugar. Sem acesso à Liga dos Campeões, com tudo o que isso implica, desportiva e financeiramente! Um regresso abrupto aos anos em que nem às competições europeias fomos (já agora, já pelas mãos de Vieira).
Se ainda há algum benfiquismo na direcção, está na hora de o mostrarem e de se demitirem! Estão a matar o Benfica!
Vieira viu uma luz e, recordando as palavras de um amigo meu, estou certo que essa luz não era mais do que um comboio em sentido contrário que nos vai atropelar sem apelo nem agravo, se nada for feito!
Cabe pois aos benfiquistas, aqueles que querem que o clube continue a honrar os ases que nos honraram no passado, tomar a si a palavra e o destino do Glorioso nas suas mãos. Já basta!
Et pluribus unum!