Política de Aquisições.
A primeira coisa que me parece obrigatório referir quanto a esta área da gestão desportiva do Glorioso é que ela tem sido função (1) da necessidade que a SAD tem de realizar mais valias (lucros) com a venda de Atletas e (2) da necessidade de manter um controlo da “massa salarial” (tecto salarial)!
E como posso eu afirmar tal princípio? Muito simples: constatando que mais de 75% dos passes adquiridos nos últimos 7/8 anos corresponderam a Atletas com 24 anos, ou menos (e quase a metade entre estes, ainda Atletas sub-20). Obviamente, também ajuda a interpretação que tenho feito aos R&C da SAD, dos quais resulta que, enquanto durar o contrato leonino com o mamão chupista e a “sangria” representada pelos Custos Financeiros, só uma época excepcional de prémios da Champions, permitiriam um equilíbrio das contas sem esse contributo.
Neste grupo (A) de Atletas jovens, encontrei 48 das 62 aquisições que identifiquei, assim distribuídas:
A1 - Zoro; Balboa; Ed Carlos; Moretto (4) – Atletas adquiridos para suprirem falhas urgentes do Plantel;
A2 - Roberto; Quim, Júlio César; Oblak; Bóssio; (5) Guarda redes;
A3 – Ricardo Costa; David Luiz; Sidnei; Fábio Faria; Luisão; Halliche; (6) Defesas Centrais;
A4 – Coentrão; Sepsi; Patrick; Shaffer; Maxi; Nelson; Miguel; (7) Defesas laterais
A5 - Diego Souza; Fellipe Bastos; Javi; Airton; Binya; (5) Médios defensivos (posição “6”)
A6 - Amorim; Katso; Tiago; Yebda; Menezes; Ramires (6) Médios interiores ou “centro” (posição “8”);
A7 - Urreta; Rodrigo; Alípio; Adu; Gaitan; Jara; Kardec; Di Maria; Tacuara; Bergessio; Salvio; Fernandez; Simão; Eder Luís; Manduca; (15) – “Alas/Extremos/Avançados”.
Que ilações e/ou perguntas me sugere este conjunto de exemplos?
Que as contratações “urgentes” (A1) foram uma imensa tristeza, com custos significativos (ainda que os 3 primeiros fossem “internacionais”), talvez permitindo a conclusão segundo a qual, nestes casos, mais vale “pagar os custos desportivos” de apostar em Juniores da “Fábrica” (com a ressalva do Moretto, que já veio substituir um Júnior), que 17 (35%) destes 48 Atletas estão na Equipa, 10 (21%) estão a “rodar” (o Alípio, nos Juniores) e 19 (40%) já foram vendidos ou cedidos (sobrando Zoro e Balboa – 4%, que estarão a caminho de o ser … cedidos).
Fora deste critério etário (e não só, dado que, na generalidade e com a possível excepção do Zoro, à juventude vem “associada” a acessibilidade dos salários), encontrei mais dois grupos de Atletas:
Grupo B - Jorge Ribeiro; Luís Felipe; César Peixoto; Leo; Weldon; Jardel (6), formado por Atletas contratados com baixos custos salariais e de investimento; e
Grupo C – Assis; Butt; Rui Costa; Aimar; Carlos Martins; Saviola; Reyes; Makukula; (8), formado por Atletas “confirmados” e que foram contratados em condições suficientemente vantajosas para que o seu potencial desportivo o justificasse.
Destes 14 Atletas, 7 permanecem na Equipa, 6 saíram sem compensação económica e o Makukula foi vendido sem significativa imparidade.
Perante estes factos (e mesmo admitindo falhas nesta listagem, ela é suficientemente representativa), quais são, na minha modesta opinião de Adepto, Sócio e Accionista, as principais ilações?
A primeira é que se poderia ter feito melhor (verdade de La Palisse), diminuindo o número de “surpresas negativas” (7, na minha opinião) e aumentando as “positivas” (6, idem).
A segunda resulta de um registo ligado à Formação: tendo apenas 1 Atleta na Equipa proveniente da Fábrica (o Roderick), temos mais um no Plantel (o Miguel Vítor) e poderíamos, teoricamente, ter outros 2 (o Manelele e o João Pereira). Felizmente e tal como constatei no texto anterior, o ambiciosíssimo objectivo que a SAD identificou para alterar esta realidade, parece suportado num significativo conjunto de jovens Atletas (a “rodar”) já com contrato profissional.
A terceira e decorrente da anterior, é que, no futuro, o impacto dessa “alimentação” à Equipa, a confirmar-se, vai condicionar a execução da Política de Aquisições, mesmo que se não alterem os respectivos enunciados.
Em síntese e numa perspectiva global, eu subscrevo integralmente os enunciados da Política de Aquisições, a saber:
1.Continuar a contratar jovens Atletas com elevado potencial desportivo e económico, aceitando os riscos inerentes e colocando alguns “a rodar” (preferencialmente os que já estiverem adaptados ao futebol europeu);
2.Continuar a contratar Atletas confirmados que, com razoabilidade de custos, possam contribuir para a maturidade desportiva e a “classe” da Equipa, assumindo que deles não resultarão contributos económicos; e
3.Manter os investimentos na “Fábrica”, por forma a tentar aumentar o peso que os seus frutos têm na Equipa, mas mantendo o pressuposto de que esses jovens Atletas, salvo excepção, deverão concluir a sua maturação competitiva (22/23 anos) fora da Equipa (mas na Europa, se possível).
Concretizando e mais em detalhe, eu prefiro que se adquiram um Kardec, um Jara e um Rodrigo, em vez de se comprar um “falmão”, por sensivelmente o mesmo custo em investimento e salários; prefiro que se comprem os passes de 5 Menezes (ou o dele mais Amorim, Bastos, Airton e Martins), em lugar de uma “maçã podre”.
Pelo menos até que as receitas de TV mais que quadrupliquem eu aceito o princípio segundo o qual teremos de prescindir de um Di, ou de um Luiz, ou de um Coentrão em cada época desportiva, não só para realizar as mais valias inerentes, como, também, para mantermos um “tecto salarial” aceitável. A alternativa passaria por reduzir em 35/40% a massa salarial!
Mas isso faz parte da Política de Vendas e vai ficar para o próximo post.
Viva o Benfica!
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