Caro(a) Presidente(a) da Direcção Casa, Filial, Delegação do Sport Lisboa e Benfica,
A minha última carta aos Sócios, em que transmitia o meu entendimento e reforçava o meu apoio às decisões tomadas no plenário de órgãos sociais, reunido no mês de Setembro, provocou um conjunto vasto de reacções, sinal positivo e o melhor indicador do incómodo provocado pela decisão então assumida.
Quero, por isso, começar esta carta por agradecer aos milhares de Sócios e adeptos que podendo ter-se deslocado a jogos que a equipa realizou fora de portas, não o fizeram, porque perceberam que a força do Benfica está na união e que, situações graves exigem medidas excepcionais.
Demonstrámos, durante este tempo, a nossa força, o valor das nossas convicções e, por muito que alguns teimem em não querer ver que em estádios de 30 mil lugares, a lotação não chegou a metade da sua capacidade, não é por isso que deixámos de ter razão. Vencemos o desafio que tínhamos proposto.
E, nem mesmo, o facto de muitos benfiquistas se terem deslocado aos estádios do Algarve e de Aveiro, pode ser visto como um sinal de fraqueza, mas antes um sinal da nossa força.
Neste clube a unanimidade não se alcança - como em outros clubes - pela intimidação daqueles que discordam. A grandeza deste clube resultou, exactamente, de termos sempre sabido construir a nossa história na diversidade e na possibilidade de todos se exprimirem livremente. É isso que nos diferencia e é isso que nos engrandece!
Todos aqueles que foram a Faro ou a Aveiro partilham da mesma vontade e da mesma convicção dos muitos milhares de benfiquistas que decidiram respeitar o apelo que lhes foi feito, disso não tenho dúvidas. Todos eles sentem e vivem o Benfica com a mesma intensidade e querem o melhor para o seu Clube.
Não faço discriminações, nem recrimino aqueles que foram, mas evidentemente percebem que tenho de dirigir uma palavra especial de agradecimento a todos aqueles que com a sua ausência nos deram a sua compreensão em função do que lhes tinha sido pedido.
Não faço discriminações, nem recrimino aqueles que foram, mas evidentemente percebem que tenho de dirigir uma palavra especial de agradecimento a todos aqueles que com a sua ausência nos deram a sua compreensão em função do que lhes tinha sido pedido.
Quero agradecer particularmente a todas as Casas do Benfica que não só acataram como souberam dinamizar-se em defesa do apelo que então foi lançado! As Casas do Benfica perceberam o alcance do pedido e trabalharam no sentido de honrar esse pedido.
Quero, ainda, esclarecer que a posição que tomámos não foi contra os clubes, mas antes contra algumas pessoas que se movem nas sombras da legalidade e da ética e teimam em querer arrastar o futebol para um lugar que não é o dele.
Fui alvo, ao longo dos últimos meses, de muitos apelos, de pessoas singulares e de várias Casas do Benfica e até de Clubes. Fui sensível a esses apelos e levei o assunto ao plenário de órgãos sociais que ontem se realizou, tendo sido decidido que - independentemente da razão que nos assiste - é tempo de retirar o apelo ao boicote e continuar a acreditar na equipa campeã nacional. Juntos, como sempre, e determinados como nunca, vamos ultrapassar todos os obstáculos. Quem não tem memória arrisca-se a ser ingrato, e há uma coisa que este clube não pode perder, a sua memória e a sua gratidão a todos os que contribuíram para engrandecer a nossa história.
Sei do desencanto dos benfiquistas. Partilho desse desencanto, lamento o percurso acidentado que temos vivido, mas estou certo de que os primeiros a lamentá-lo são os nossos jogadores e a nossa equipa técnica.
De uma coisa tenho a certeza: nunca devemos cair na tentação de reagir a quente, ou escolher o caminho mais fácil, porque o caminho mais fácil, muitas vezes, é aquele que nos leva aos maiores problemas.
Luís Filipe Vieira Presidente do Sport Lisboa e Benfica
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