terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Formas de pensar

Desde os tempos passados em que iniciei o meu mister que sempre me disseram o seguinte:
Se um dia tiveres funções de comando, quando quiseres chamar a atenção de alguém, fá-lo em privado e, olhos nos olhos, diz-me aquilo que pensas por razão dizer.
Palavras sábias que ao longo da minha vida e profissão, sempre fiz por obedecer e seguir por/como exemplo.

Serve o exórdio para falar um pouco das recentes declarações públicas de Quique Flores sobre o jogador José António Reyes, não esquecendo que, já havia feito o mesmo com o jogador Balboa
A mensagem carregada ou não de substância, penso eu que, teve na mente do treinador, espicaçar o(s) atleta(s) para a sua performance em campo.

Pergunto então?
- Será que o conseguiu ou vai conseguir?
- Receberão os atletas de bom grado a sua exposição pública
- Saberão todos os simpatizantes do Benfica compreender a mensagem?
- Não começarão os assobios de alguns menos esclarecidos, sempre que esses atletas falhem ou joguem menos bem?
- Será que os atletas não vão já entrar em campo super nervosos com receio de falhar?

Outras perguntas análogas poderiam fazer parte destas interrogações que assolam o meu espírito.

Dir-me-ão que, os jogadores pagos a peso de ouro, devem fazer jus ao que ganham. Totalmente de acordo. Mas, na minha opinião, um bom “condutor” de homens é aquele que, chamando-os a si, em local próprio e certo, lhe mostra aquilo que pensa, sentando-os à mesa da responsabilidade.
Um bom “condutor” de matéria humana faz do privado, a sua sala, onde transmite sem gritos, a sua mensagem. A exposição pública, salvo raríssimas excepções, nunca foi o melhor conselheiro. O vento nunca foi mais fresco que a aragem.
Todos gostamos da aragem fresca que nos pode abanar, e não de ventos agrestes que nos possam derrubar.

Por isso, penso que, Quique Flores, não agiu bem. Não pensou, deixando as suas emoções extravasar ao encontro de quem, talvez malevolamente, o levou a falar.

Causa-me efectivamente alguma apreensão o modo usado por Quique Flores. "Rebaixar" um jogador, criticando-o em público, não me parece ser o caminho correcto. O jogador até pode “encaixar” de modo positivo o raspanete. Mas, regra geral, isso não acontece.
Não acontece com ninguém, seja em que profissão for.

Eu penso assim. Não sei se bem, mas penso.

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