Hoje, vá-se lá saber porquê, vieram-me à ideia uma série de contos tradicionais que li na minha meninice. Alguns deles perfeitamente adaptáveis a alguns personagens que andam por aí a espalhar "presunção e água benta"...
Um desses contos, "O Rei vai nú" de Christian Andersen, foi um conto que me coube analisar na escola secundária e do qual ainda guardo um pequeno texto interpretativo que foi feito por mim há algum tempo (1986 se não me engano), tinha eu 14/15 anos.
Resolvi hoje passar esse pequeno texto a poema, pelo que peço desde já a vossa compreensão e as minhas humildes desculpas pela ingenuidade das rimas.
Sei perfeitamente que desse lado está gente com muito mais experiência que eu nestas lides... :D
Bom vamos a isto:
Quem és tu? perguntei
Ao ver tamanha beleza
E o espelho em que me mirei
Mostrou-me a realeza
Sim, eu sou rei de tudo
vaidoso quero permanecer
De opulento quase expludo
e todos tem de me obedecer
Eu sou o rei que brilha
Encanta, fascina e deslumbra
Sou a oitava maravilha
formosura que assombra
Mas pobre de mim, que desgraça
que irónica adversidade
Não haver trapinho que jus faça
A tão ofuscante personalidade
Tu aí, súbdito leal
vais procurar com critério
pois quero para o desfile real
O melhor tecido do império
Sim meu rei adorado
Viajarei de lés a lés
Para trazer um brocado
que jogue o mundo a teus pés
E lá foi o real mensageiro
De povoado em povoado
À procura de mágico tecido
Por ninguém antes usado
De povoado em povoado
À procura de mágico tecido
Por ninguém antes usado
Quando tudo parecia perdido
após muito reino palmilhado
Eis que alguém teria ouvido
Falar do tecido desejado
após muito reino palmilhado
Eis que alguém teria ouvido
Falar do tecido desejado
Mesmo, mesmo ali ao lado
À distância de apenas um passo
Estava um velho encapuzado
que dizia a compasso
À distância de apenas um passo
Estava um velho encapuzado
que dizia a compasso
Sei fazer um tecido vistoso
De cores nunca antes vistas
Um entrelaçado curioso
de padrões vanguardistas
De cores nunca antes vistas
Um entrelaçado curioso
de padrões vanguardistas
Mas é tecido especial
Não é para todas as mentes
Pois só o podem ver
aqueles que são inteligentes
Não é para todas as mentes
Pois só o podem ver
aqueles que são inteligentes
E assim foi apresentado
O espertalhão ao rei vaidoso
Para tecer o muito aguardado
Tecido maravilhoso
O espertalhão ao rei vaidoso
Para tecer o muito aguardado
Tecido maravilhoso
Trabalhou por um dia
dois, três e uma semana
Mais tempo que o que previa
Sua majestade ufana
dois, três e uma semana
Mais tempo que o que previa
Sua majestade ufana
Eis que o orgulhoso regente
cansado de tanto esperar
manda o seu mais inteligente
Ver o que se estava a passar
cansado de tanto esperar
manda o seu mais inteligente
Ver o que se estava a passar
Ao chegar à sala do tear
do velho encapuzado
ao inteligente falta-lhe o ar
e fica petrificado
do velho encapuzado
ao inteligente falta-lhe o ar
e fica petrificado
Os olhos esgazeados
Percorrem o vazio
ao invés do tecido esperado
Não se vê nem um fio
Percorrem o vazio
ao invés do tecido esperado
Não se vê nem um fio
E o velho a sorrir
Aponta para o tear
Diz: Foi difícil de cerzir
Mas está como era de esperar
Aponta para o tear
Diz: Foi difícil de cerzir
Mas está como era de esperar
O inteligente esboça
um gesto de compreensão
pois não quer ser motivo de troça
Pela sua falta de visão
um gesto de compreensão
pois não quer ser motivo de troça
Pela sua falta de visão
Com corte nunca antes visto
É bonito, arrojado e moderno
Vai servir como previsto
Ao nosso suserano
É bonito, arrojado e moderno
Vai servir como previsto
Ao nosso suserano
E assim foi espantado
O inteligente ministro
Dar notícias ao potentado
do que afinal não tinha visto
O inteligente ministro
Dar notícias ao potentado
do que afinal não tinha visto
O rei entusiasmou-se
E informou decidir
que daria o que fosse
Bastaria o velho pedir
E informou decidir
que daria o que fosse
Bastaria o velho pedir
E assim fez o velho
Pediu o seu peso em ouro
E o real pingarelho
Deu-lhe parte do tesouro
Pediu o seu peso em ouro
E o real pingarelho
Deu-lhe parte do tesouro
Chegou o dia esperado
a hora do desfile real
O rei todo pelado
Numa imagem surreal
Que linda é essa vestimenta
Diz o real conselheiro
E que bem que assenta
No vosso real traseiro
Diz o real conselheiro
E que bem que assenta
No vosso real traseiro
E o rei embevecido
de pirilau a pender
Abalou sem nada vestido
Sem se aperceber
de pirilau a pender
Abalou sem nada vestido
Sem se aperceber
Estupefação geral
Silêncio na parada
Sua alteza real
Trazias as joias penduradas
O rei avançou decidido
Por entre a multidão
Até que se ouve um alarido
Uma grande comoção
Silêncio na parada
Sua alteza real
Trazias as joias penduradas
O rei avançou decidido
Por entre a multidão
Até que se ouve um alarido
Uma grande comoção
Um petiz atrevido
Apontando para o real tutu
Grita bem divertido
OLHEM O REI VAI NÚ!
Apontando para o real tutu
Grita bem divertido
OLHEM O REI VAI NÚ!
VIVA O BENFICA PORRA!
Assenta que nem uma luva no cérebro da táctica que se diz o maior...palerma
ResponderEliminarEra bom enviar este poema ao cérebro da reboleira ( se ele souber ler e interpretar) que se julga o maior, mais resplandecente que o sol.
ResponderEliminarSe "A DIFERENÇA ESTÁ NO TREINADOR" o Capucho é melhor que o cérebro!!!
Independentemente de estas quadras serem a pretexto do basófias,
ResponderEliminartiro-lhe já o chapéu pelo poema tão bem construído!
Tem jeito para a poda. ;)
Saudações benfiquistas.
Simplesmente BRILHANTE caro amigo Nunomaf
ResponderEliminarAgora temos é que ganhar hoje, senão !!!
Já há muito tempo não passava por este cantinho poético. Hoje passei porque me apeteceu e ainda me é permitido. Adorei o poema. " viva o Benfica" Um beijinho amigo.
ResponderEliminarRosaria Marques Marques
Vou roubar a imagem e o poema.
ResponderEliminarJá roubei.
ResponderEliminarhttps://www.facebook.com/duarte.pereira.988711/posts/1045824779716562