Chove. Pego no chapéu de chuva, abro a porta e saio para a
rua.
Caminho e dou por mim a sair de uma atmosfera humana para entrar num campo
onde a solidão só é quebrada pelo tresmalhar das plantas, que parecem dançar ao sabor do vento, refrescadas pela água vinda dos Céus.
Sem dar por isso, inclusive sem saber bem porquê, sinto na
alma um certo gosto pela paisagem, de que sempre gostei, mas que hoje até parece mais que nunca. Apenas as plantas que florescem
ao gosto da Primavera, e o barulho da água que cai levemente, sobre o chapéu que
transporto, me lembram que caminho ao sabor do destino.
Não penso em futebol como de costume. Não me apetece
"molhar" o meu espirito que está tão sossegado, com factos que ontem à
noite muito me enervaram.
Apanho um malmequer amarelo, arranco as pétalas uma a uma,
tentando adivinhar dentro do conceito bem me quer mal me quer, qual o desfecho
final deste campeonato.
Isto para desviar a ideia do futebol. Não posso nem devo,
pelo gosto que sinto pelo local por onde caminho, enervar-me com factos que me fizeram
doer a alma no jogo de ontem em que o meu querido clube, o Benfica, empatou em
Olhão, com a Olhanense, por 0-0.
Não quero pensar que o Benfica entrou no jogo como quem
entra numa patuscada de amigos. Lentamente, devagarinho, passo para ti, tu passas para mim, deixando passar o
tempo, que se fixou em cerca de 70 minutos de posse da bola, mas que sabe-se lá
porquê, nem um remate fez à baliza adversária, durante a 1.ª parte do referido desafio.
Era um jogo fundamental em que ganhar era o mote. Não se
podia falhar. No entanto o Benfica falhou.
Ainda me veio à ideia duas grandes penalidades dentro da
área do Olhanenses por braços na bola que não foram marcadas. Ouvi ao relator da
TVI dizer que os remates haviam sido à queima roupa e por isso não era de
marcar a grande penalidade. Não resisto em fazer a comparação com o lance que
deu o empate ao Porto contra a Académica ao ser marcada uma grande penalidade
aos 90-2 minutos. Claro que apanhei outro malmequer e deixei de imediato de
pensar que, no jogo de ontem o Aimar foi expulso, salvo erro aos 67m de jogo.
Diz-me a minha capacidade de análise que o lance deveria ser
sancionado com cartão amarelo. Vejo e revejo o lance e penso que o Aimar foi
inocente visto que não tinha necessidade nenhuma de, depois de jogar a bola, atirar
o pé contra o adversário. Ter-lhe-á tocado ao de leve. Mas a intenção parece
ser uma realidade.
Depois penso: Ao contrário, se um jogador da Olhanense
disputasse com o Aimar lance semelhante? Eu quereria que fosse mostrado cartão
vermelho ou amarelo? Diz-me logo o meu ego: Eu queria que fosse vermelho.
Pois...
Se eu quisesse pensar em futebol pensaria ainda que o Aimar
se arrisca a não jogar com o Sporting. Com o Braga é certinho que não joga.
O Benfica só aos 85m de jogo, através de Cardozo teve um remate à
baliza. Verdade? interrogo-me! Verdade mesmo. Então um clube que só deveria pensar em ganhar
o jogo teve um remate contra dez do adversário? É verdade dez remates do Olhanense. Incrível não é? Alguns foram
ao lado e outros Rei Artur impôs a sua lei, mas o perigo rondou a nossa baliza. Claro que a maioria foram feitos depois do Aimar ser expulso. Mas quem são os jogadores da Olhanense, comparados com os jogadores do Benfica?
Mesmo ao acabar o tempo de descontos, um jogador do Benfica
aparece isolado e atira contra o guarda-redes, quando lhe bastava dar um toque
subtil e marcar. Claro que o desejo de marcar era enorme e o discernimento já
ultrapassava, e muito, o razoável.
Mas o que interessa tudo isso? Terça-Feira ganhamos ao
Chelsea, depois no fim de semana damos cabo do Braga e os foguetes estalam no
ar. Volta a festa e quem sabe se as coisas ainda não dão uma volta de 180
graus, no que concerne ao estado de espírito da maioria dos benfiquistas. Ainda ontem estava um sol maravilhoso e hoje está a chover. Então porque
não pensar positivo, ainda que não seja em futebol?
E lá caminho eu todo feliz, apesar da chuva intensa que cai,
por conseguir desviar o meu pensamento
daquilo que mais mal me faz ao coração: O FUTEBOL.
Mesmo assim, e sem querer, reparo que penso num slogan que me
assalta a alma e refresca o espirito, desde que não pense em futebol. Aqui
fica:
VIVA O BENFICA PORRA
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