quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sempre fui um bocado céptico contra tudo o que é descartável. Sou daqueles que votam a favor de que tudo (ou todos) deve(m) ter um fim digno.

Não sou, por demérito da minha vontade, um escriba de conseguir pôr no papel aquilo que muitas e muitas vezes a alma me diz.

Mas mesmo assim, atrevo-me a falar um pouco de um homem que marcou a minha juventude, como jogador do glorioso e agora marca o meu caminho para a velhice por razões de terrivel e implacável doença.

Refiro-me ao “Bom Gigante”.

José Augusto da Costa Séneca Torres, nasceu aos 8 de Setembro de 1938, em Torres Novas.
Começou a jogar futebol, no clube da Terra (Torres Novas) , mas cedo começa a dar nas vistas, por ter um exímio jogo de cabeça.

Citação:

Em 1959, com 20 anos, chega então ao Benfica. O início de águia ao peito não foi fácil. Teve de enfrentar a concorrência de José Águas que com o seu estatuto de estrela e com o peso de quase uma década ao mais alto nível no clube lisboeta, era na altura o titular absoluto e indiscutível no ataque encarnado.
Mas Torres não desanimou e o seu trabalho foi tão forte que na sua 3ª época no clube, ganhou o título de rei dos goleadores no campeonato nacional com 26 golos apontados. Formou um ataque demolidor, ao lado de Eusébio, numa equipa de sonho onde também pontificavam Coluna, Simões e José Augusto, entre outros.
A nível internacional, Torres desempenhou um papel activo na presença do Benfica nas finais europeias de 1963, 65 e 68 contudo, delas nenhuma venceu. O seu nome ficaria ainda gravado permanentemente na história do Benfica pelo seu contributo na conquista de 9 campeonatos nacionais e 3 taças de Portugal e no plano internacional pela conquista de 2 taças dos Campeões Europeus (ainda que não tenha jogado em nenhuma das finais).
Em 1971, nova etapa na vida do “Bom Gigante”. É nesse ano que deixa o Benfica rumando ao Vitória de Setúbal, onde ainda somaria mais 2 internacionalizações pela selecção Portuguesa. Representou as cores do Vitória até 1975, ano em que se transferiu para o Estoril Praia, clube onde permaneceu até 1980 e onde ainda chegou a acumular a função de jogador e o cargo de treinador numa prática que já caiu em desuso nos dias de hoje.
Terminou aí a sua carreira aos 42 anos, com o saldo de 217 golos num total de 384 jogos. Um feito!!!Como treinador orientou ainda o Estrela da Amadora, o Varzim e o Boavista antes de deitar o futebol para trás das costas e dedicar-se a uma paixão antiga: a Columbofilia.
Hoje com 70 anos de idade, vive um drama pessoal. Vítima da doença de Alzheimer em estado muito avançado, debate-se ainda com graves problemas financeiros.

Aqui está a busílis da questão.

Pergunto: Porquê?

Qual a razão do Benfica a quem José Torres serviu com galhardia e denodo não presta uma homenagem a esta grande figura do desporto Nacional em geral e do Benfica em Particular.

Diz a família que não tem problemas financeiros. Talvez seja verdade.
Mas onde está o calor humano daqueles que em tantas tardes e noites o aplaudiram, vibraram com os seus golos, ficaram felizes com as suas prestações, o "louvaram", o elegeram como o "Bom Gigante"?
Não posso crer que as sucessivas direcções do Benfica – incluindo a actual – não tivessem (ou sejam) sensíveis a um drama de vida que atingiu um dos maiores gloriosos que pisaram a relva da (antiga) Catedral.

Não acredito que os jogadores do Benfica não quisessem jogar um jogo de solidariedade, ( e seria fácil arranjar um outro clube, olhando à intenção ) cuja receita reverteria a favor de José Torres, embora esse por infelicidade e adiantado estado da doença, o não pudesse perceber.
Mas existe sempre algo ou alguém que vê e sente. A justiça dos homens é feita na Terra.
O resto é palha que arde sem se ver.

Benfiquista, jogadores, direcção do Glorioso. Nunca é tarde para que os homens dêem as mãos e abram o coração no sentido da solidariedade e sentimento. Somos do BENFICA, apenas porque somos MELHORES. Mas é nas acções que o temos que provar.

José Torres, se calhar não sente a necessidade de precisar de ninguém. Claro que não sente. Mas algo em si, talvez desconhecido por nós e até por ele, o sentirá.

A alma dos enfermos é igual à dos que vivem com saúde, embora a capacidade do pensamento nos traia por se esquecer da sua própria existência.
Mas no além, feita própria capacidade do sofrimento, existe a ... LUZ.
Porquê deixá-la apagar quando todos podemos com um pouco daquilo que temos, conseguir que nunca se apague.

Direcção do MEU BENFICA. Façamos algo para que essa LUZ se faça … LUZ.
.
José Torres ( O Bom Gigante) merece-a

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