sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O negócio da fruta e do café

Sabendo de antemão que a todos nos agrada uma peça de fruta bem docinha ou um copinho de leite (com café ou cacau a gosto) bem morninho, há outros que oportunamente ou por necessidade premente, resolveram iniciar o novel negócio da fruta aleitada ou do café frutado.

Negócio que nos acompanha desde tempos imemoriais, a profissão de plantador de café ou apanhador de fruta aleitada, foi algo que sempre trouxe lucros e negócios proveitosos quer aos capatazes como aos seus apaniguados. Em tempos de pré-crise em que todos vivíamos alegremente num sonho saído das mil e uma noites das Arábias, eis que a determinado momento uma determinada estirpe de "plantadores de cacau", resolveu adoptar uma estratégia de cabaret rural na arte do cultivo e venda da fruta.

O excerto que agora passamos a seguir, atesta a qualidade da gestão aplicada ao negócio da fruta bem como o excelente sistema de logística que foi aplicado na divulgação de um produto que por meados de 2004 foi diversificado, passando a incluir também o ramo da "fruta exótica":


Como o excerto acima o atesta, este produto teve um reconhecimento significativo junto dos meios de arbitragem de conflitos frutais do nosso país, tendo chegado a presenciar-se declarações de estupefacção por parte de concorrentes directos os quais se sentiam completamente ultrapassados e incapazes de fazer frente a este revolucionário sistema de plantação frutícola, o qual foram vendo a pouco e pouco estender-se a todos os "estádios" de consumo que existem em Portugal:


Não satisfeitos com a valorização entretanto atribuída a esta nova estirpe de frutas com cafeína, foi posteriormente decidido que haveria a necessidade de internacionalizar o afrutamento, incluindo nas diversas fases do aleitamento doses maciças de cafeína ou extrato da mesma no seu estado mais puro, nem que para se tivesse de recorrer à publicidade enganosa para enganar os mais incautos.


O negócio florescia e diversificava-se para atender aos mais variados tipos de consumidores e gostos variados. E para cativar utilizavam-se com frequência os convites para reuniões de degustação, as quais ocorriam nos mais variados locais e com a presença dos mais excelsos degustadores em actividade, frequentadores das "praças verdes" de todas as regiões do país:


De negócio em negócio, os líderes e mentores da "noba" moda começam a pouco e pouco a capitalizar sobre os dividendos e chegamos ao ponto em que um dos mestres cultivadores decide iniciar ele próprio estudos ao nível pessoal, para desenvolver uma espécie de "fruta" para consumo próprio, acessível apenas a pessoas com elevado nível de "hironia" no sangue. Fruta para cheirar, fruta para provar, fruta para degustar, fruta para não dormir ou mesmo fruta para dormir quando o corpo já não admite mais fruta.

Após alguns momentos de necessária acalmia eis que surge um consumidor descontente e que levanta uma série de questões quanto à qualidade do serviço prestado. Como é apanágio de qualquer monopólio a primeira reacção é a de aplicar ao descontente uma boa panaceia de fruta "adstrigente", que acaba por levar o reclamante a temer pelo seu seu bem estar pessoal e restante família e a duvidar do prazo de validade do produto consumido ou da forma como o mesmo se apresta a lhe ser distribuído:


Dado o surgimento deste tipo de reclamações, e temente de futuras repercussões que pudessem afectar os lucros de tão vantajoso negócio, eis que surje uma ideia vinda do recentemente criado departamento de marketing lácteo. E que tal se a fruta fosse transformada em sumo? Ou melhor e que tal se a um iogurte lhe juntássemos sumo de fruta com "justiça"? Iogurte de fruta... "Justamente" o melhor produto do sistema...



De ideia em ideia genial e como não podia deixar de ser, eis que a determinada altura surge o inevitável conflito com a concorrência, o qual levou a conferências de imprensa e a desafios de debate público em que ambas as partes prometiam provas ao consumidor comum (as bestas ou bois de prova como lhes queiram chamar) qual o melhor produto a adquirir e aquele que melhor serviria os interesses de consumo da diversas "famiglias" envolvidas (o redactor informa que as referências a piu-pius no vídeo abaixo são da responsabilidade única do afrutador mor que as produz):


O copy-cat da fruta resolveu inclusive que para o seu negócio ter continuidade era necessário que a sua prole directa soubesse o que custa aprovisionar e distribuir fruta decente. Como tal nada melhor que arranjar um lugarzinho na estrutura da fruta de forma a que alguns dos mais fáceis negócios de batidos de banana ou "splits" de sabor a fruta fossem transmitidos na hierarquia familiar. Mesmo que estes fossem feitos com distribuidores de menor calibre do que os habituais:


Mas as denúncias sucediam-se e alguns dos descontentes resolvem denunciar um negócio onde se julgava existir muita "fruta podre":


Como forma de encontrar a melhor maneira de resolver os problemas emergentes com a qualidade do serviço prestado, e dada a já extensa carteira de clientes, eis que surge uma aliança improvável entre os dois concorrentes, tentado-se uniformizar a fruta distribuída e os seus consumidores, bem como utilizar os contactos ao mais alto nível de um dos mais conhecidos distribuidores da fruta, credibilizando assim um negócio em anormal descrédito, chamando para a ribalta consumidores da mais alta estirpe e idoneidade, capazes de fazer brilhar o mais simplório dos mercados de fruta a nível nacional :



Sabemos hoje que o negócio da fruta atingiu em determinada altura o estágio da internacionalização, permitindo inclusive alguns sucessos inesperados, dos quais alguns foram amplamente divulgados com sendo portadores de uma bactéria muito perigosa, a amplamente conhecida e-collina:









Em suma (ou em sumo), os plantadores estão cá todos, os consumidores pelos vistos também. Os tratadores da fruta também são os mesmos e os guardas dos pomares vão mudando consoante terminam os seus períodos de licença sabática nas mais variadas "alfandegas" nacionais onde a fruta hoje em dia vai ficando aprisionada. O "estado" assiste a este negócio com um sorriso sardónico nos lábios, enquanto nos "estádios" os restantes produtores amestrados de fruta insular vão surripiando fortunas pelos bilhetes de acesso ao mais dantescos espetáculos de fruta "Filipesca", os quais prometem repetir-se em vários dos conhecidos mercados que iremos este ano ter ao nosso dispor.

E nós simples consumidores de uma boa talhada de melancia ou talvez de uma fresca meloa de vez em quando o que fazemos? Ficamos especados a olhar impotentes, enquanto o banquete continua e a distribuição de cafeína aumenta de dia para dia, e as autoridades competentes para regular o sector fecham os olhos porque as legislações só entram em vigor para o ano, porque não se pode ir contra o sistema instituído, e porque acima de tudo e em qualquer profissão, actividade, ou cargo (público ou não) o Portuga gosta de alcavalas, gosta de jeitinhos, gosta de miminhos e gosta cima de tudo de uma fruta bem temperada e regada com um bom molho de café com natas ou com uma "pintinha" de canela à mistura.

Assim vai o nosso mercado da fruta e do café.

Assim vão alguns de nós a ver a banda passar e a julgar que os outros são melhore que nós, quando afinal o que nos falta é apenas uma banca para vender fruta da boa ao primeiro "whistling men in black" que se nos atravessar no nosso destino.
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PS: Qualquer semelhança dos factos descritos com a realidade da fruta nacional é mera coincidência. Não foi de forma alguma intenção deste pobre escriba ofender qualquer fruta de fabrico nacional ou estrangeiro que opte por enraizar no nosso país. Às frutas por encetar apenas vos desejamos que optem por mercados mais limpos e mais higiénicos para serem consumidas. Às encetadas desejamos que permaneçam por muitos anos nos armazéns de fruta de onde provieram e que se tiverem que deixar caroço o façam de forma ordenada, mas sempre prós lados de Contumil.

Escrito por: nunomaf

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