sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Opinião: - Nunca houve um "Caso Calabote"


Opinião de Afonso de Melo

Dia 22 de Março de 1959 – última jornada do Campeonato Nacional. Teimam alguns, de escassa honestidade intelectual, em falar de um fantasioso "Caso Calabote".

Aceitemos o repto porque a mentira espalhou-se como um cancro, aproveitada por aqueles que têm tanta porcaria a esconder sob o diáfano véu da sua fantasia.

Nunca houve um "Caso Calabote"; houve, isso sim, um "Caso Guiomar"!

As mentiras destroçam-se com factos. E os mentirosos viajam com elas para as sarjetas sujas da cidade.
Facto – O Benfica comandou largamente o Campeonato de 1958/59.

Facto – Ao entrar para última jornada o FC Porto gozava de vantagem perante o Benfica apenas na diferença entre golos marcados e sofridos: FC Porto (78-22); Benfica (71-19).

Facto – Supondo-se que o FC Porto ganharia o seu último jogo (em Torres Vedras, frente ao Torreense) por 1-0 o Benfica ficaria obrigado a ganhar em casa à CUF pelo menos por seis golos de diferença.

Factos – Tanto CUF como Torreense estavam nos últimos lugares da tabela – o Torreense concluiria mesmo o Campeonato na última posição, descendo de Divisão; a CUF ficaria no 4.º lugar a contar do fim.

Facto – Tanto FC Porto como Benfica eram claros favoritos nos seus jogos.

Factos – O árbitro do Benfica-CUF foi Inocêncio Calabote; o do Torreense-FC Porto foi Francisco Guiomar.
Facto – A equipa do Benfica entrou em campo com cerca de cinco minutos de atraso em relação ao FC Porto em Torres Vedras.

Facto – Aos 14 minutos de jogo já o Benfica vencia, por 1-0, golo de Águas, de grande penalidade, considerada absolutamente indiscutível por Alfredo Farinha, o cronista de "A Bola".

Facto – Mais golos se seguiram: aos 26 minutos, de novo Águas de penálti a fazer o 2-0 – "penalidade algo forçada" segundo a opinião do mesmo Alfredo Farinha. O 3-0 surgiu aos 35 minutos, por Mendes, a passe de Águas.

Facto – Aos 14 minutos de jogo no Campo das Covas, António Manuel e Noé saltam a uma bola e o jogador do Torreense é obrigado a sair do relvado. A equipa de Torres Vedras joga largos minutos reduzida a dez elementos.

Facto – Aos 24 minutos, na sequência de um canto de Hernâni Perdigão faz o 1-0 para o FC Porto.

Facto – Dois minutos mais tarde António Manuel regressa de cabeça ligada. Assistira ao golo do FC Porto fora do campo, queixando-se com dores.

Facto – Alfredo Farinha considerou de lastimar as atitudes de exacerbada hostilidade dos jogadores da CUF.

Factos – Quando chega o intervalo, num campo e noutro, o nervosismo mantém-se. O FC Porto continua em vantagem e, enquanto no Estádio da Luz os cufistas tudo faziam para queimar tempo, segundo Alfredo Farinha; no Campo das Covas, Aurélio Márcio, outros dos "monstros" de "A Bola" criticava a falta de qualidade da exibição portista.

Calabote???? Reparem antes em Guiomar...

Facto – Três minutos após o intervalo, Chino, com um remate de longe, marca um golo de classe e põe o Benfica a ganhar, por 4-0.

Facto – Aos 56 minutos, Quaresma, com uma cabeçada vigorosa, faz o golo da CUF e torna tudo mais complicado para o Benfica.

Facto – Aos 58 minutos, Cavém entra na área e é rasteirado. Penálti claro, segundo o cronista, que Águas converteu.

Facto – Escutam-se pelos transistores notícias de um estádio e de outro.

Facto – Aos 64 minutos, em Torres Vedras, Francisco Guiomar expulsou Manuel Carlos por carga sobre Carlos Duarte. Com António Manuel em esforço, o Torreense quebra no seu entusiasmo.

Facto – Na Luz o Benfica corre desesperadamente à procura de mais golos. Os jogadores da CUF continuam a exagerar nas quedas e nas perdas de tempo. Aos 65 minutos, Águas, num remate estupendo, faz o 6-1. O impossível parecia à beira de acontecer.

Facto – Apesar de jogar contra 10, o FC Porto não assume a sua nítida superioridade. O Torreense defende-se de forma galharda e mantém a sua baliza a salvo. Os adeptos portistas começam a sentir que podem perder o título que já consideravam ganho.

Facto – Aos 83 minutos, Mendes faz o 7-1 na conversão de um livre directo. O Benfica está na frente, mas ainda há muito para jogar.

Facto – O tempo escoa-se com rapidez. O Benfica cumpriu o seu trabalho, está na frente do Campeonato, o FC Porto luta contra o destino. O Torreense, com menos um jogador em campo, fraqueja.

Facto – A dois minutos do fim do jogo em Torres Vedras, um livre apontado por Hernâni dá o golo a Noé. Saldanha procura atrasar o recomeço do encontro: Francisco Guiomar dá-lhe ordem de expulsão.

Facto – Na Luz, Inocêncio Calabote dá mais quatro minutos de descontos. Para quem está no estádio pecam por pouco. Alfredo Farinha escreve: "No que se refere ao prolongamento de quatro minutos cremos ter deixado ao longo da crónica justificação bastante para o critério do senhor Inocêncio Calabote".

Facto – O FC Porto joga o que falta contra um adversário desfeito (com apenas nove em campo e António Manuel diminuído. Só lhe falta um golo. Já não é assim tão difícil.

Facto – No último minuto da partida, Carlos Duarte tira um centro e Teixeira cabeceia por entre os defesas do Torreense. O título está ganho, ainda que tivesse sido necessário devastar o já condenado Torreense.

Facto – Os jogadores do FC Porto esperam pelo fim do jogo da Luz para comemorarem. Onze para onze, não tinham conseguido fazer um golo: foi preciso contar com a saída temporária de António Manuel, primeiro, e depois com as expulsões definitivas de Manuel Carlos e Saldanha para marcar o segundo e o terceiro.

Facto – Toda a gente conhece o nome de Calabote ... Ninguém parece querer recordar o nome de Francisco Guiomar.

Conclusão – Alguns cronistas ligados ao FC Porto sabem pouco ou nada da história do Futebol português. Por isso insistem alegremente nas mentiras repetidas.

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NOTA: Não é por uma mentira ser dita mil vezes que passa a ser verdade !.
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25 comentários:

  1. Nada mais há a dizer... Apenas uns tristes que insistem no que não tem razão de ser para tentar encobrir uma podridão que dura há demasiados anos no futebol português. E mesmo assim precisam da época de 1958/59, enfim...
    Saudações Benfiquistas!

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    1. É sempre com um gosto enorme que "vejo" aqui a simpática ana_slb

      Tens toda a razão no teu comentário. ELES querem mascarar o caso Guiomar, esse sim, o verdadeiro.

      Saudações Gloriosas

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    2. É também para mim um gosto enorme visitar e comentar neste blog que tanto aprecio!
      Saudações Benfiquistas!

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  2. Como este artigo me ultrapassa, vou deixar para quem o entende..

    Passei apenas vos desejar BOM DIA.
    Saudações Benfiquistas.


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  3. Essa coisa do Calabote é apenas um "cliché" de propaganda para desviar as atenções de que o Porto prometeu dinheiro aos jogadores da CUF para fazerem a vida negra ao Benfica. Os mafiosos nunca tiveram escrúpulos em manchar os nomes daqueles que não fizeram o que eles queriam. Isto é dos livros.

    Comparem com o que fazem os jogadores de alguns clubes actualmente contra o Benfica, como os últimos jogos da Académica e do Nacional mostraram. Até espumavam.

    A táctica é exactamente a mesma, nada mudou apesar da diferença temporal. Eu até acredito que no caso do Torrense o Benfica também tivesse prometido dinheiro aos jogadores do Torrense.

    Mas se verificarem a exibição do árbitro Francisco Guiomar, o Benfica "esqueceu-se" de lhe pagar mais do que o Porto lhe pagou. Agora que o Calabote não arbitrou a favor do Benfica isso não o fez. E podia tê-lo feito muito facilmente sem sequer dar nas vistas..

    Eu tenho a certeza que a razão pela qual o Calabote ficou na mira do Porto tem a ver com a a mania e o hábito que os mafiosos e corruptos têm de desacreditarem aquelas pessoas que eles tentam comprar e que recusam. Vejam o Apito Dourado e o que aconteceu com a Carolina. Existem muitos casos semelhantes para quem conhece a maneira como actuam. Estão bem explícitos em livros e fllmes.

    Acredito que, à semelhança do Guiomar, eles tenham tentado comprar também o Calabote e este recusou. Depois vingaram-se. Típico de mafiosos e corruptos!


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  4. A podridão grassa no futebol..... É com tristeza que retrocedendo no tempo verificamos que a corrupção no futebol sempre existiu!!!! Agora....é claro que uns mais que outros!!!! Olhemos para os dias de hoje e todos sabemos como o fazem e em que circunstâncias...O apito dourado "abafado" denunciou essas atitudes mafiosas!!!! Vejamos agora o BOAVISTA.....eheheheheh!!!! É só rir....!!!! Gostava de saber a opinião da família benfiquista!!!!

    Gabriela Coutinho

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    1. Esta situação do Boavista é uma situação vergonhosa. Existe quem diga que o Boavista só regressa à 1.ª divisão para calar as bocas sobre factos do Porto que também deveria ter descido de Divisão se o Apito Dourado fosse considerado. Não foi porque as amizades e compadrio existiram e salvaram quem o não merecia.

      Perante isto quem é que tem razão? Quem condenou o Boavista ou agora quem o absolve?
      Então as leis não devem ter apenas uma leitura?

      Quer dizer com isso que muitos inocentes estão presos quando deveriam estar soltos?

      Para calar aqueles que são honestos e verdadeiros, dá-se uma benesse ao Boavista.

      Como ser Prior numa freguesia destas !!!!

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  5. ESte artigo está de mais...o calabote marca 3 penalties e o Guiomar é que estava comprado!

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    1. Rui Miguel22/02/13, 14:15

      Doeu-te foi?

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    2. As verdades doem! Vai lá á farmácia da Ribeira comprar as Rennies do costume...

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  6. Recomecei o meu blog para o tornar mais interventivo e alargar a sua influencia/abrangencia. Nesta conformidade apreciaria trocar links convosco. Vou incluir o vosso e espero que o meu tenha, da v/parte, igual acolhimento.
    www.montidubotas.blogspot.com
    Grato
    farfalho, o maltês

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  7. Grande artigo do Afonso de Melo.Bem haja!
    É muito bom irmo-nos lembrando de tudo o que foi acontecendo de mau no futebol português.E houve muita coisa má ao longo dos anos.
    Concordo consigo. Não é por uma mentira ser dita milhares de vezes que passa a ser verdade. Também tem razão no que diz respeito aos cronistas ligados ao FCP: não sabem nada de nada da história do futebol português. Limitam-se a ser papagaios amestrados a dizer o que o papa lhes ordena que digam.São pouco cultos e pouco profissionais.A verdade é como o azeite. Um dia virá à tona.
    Viva o Benfica!
    maria

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  8. Nuno Do Porto22/02/13, 18:30

    O Calabote não foi irradiado por causa deste jogo com o Benfica?

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    1. Não! Foi irradiado por questões que não tiveram nada a ver com este caso!

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  9. Quem nunca ouviu a corja azul e branca referir-se ao "caso Calabote", que foi um escândalo, um roubo monumental, o maior benefício da história do Benfica e do Campeonato Português?

    Quem ainda não ouviu falar do Sr. Inocêncio Calabote?

    Pois bem, achei oportuno e pertinente esclarecer-vos com toda a verdade sobre este caso quem ao fim e ao resto em nada nos beneficiou.......

    Inocêncio Calabote foi um árbitro que ficou famoso por arbitrar o jogo Benfica-CUF da última jornada do campeonato da época 58/59 (há já meio século atrás). O jogo disputou-se a 22 de Março de 1959 e decidia o título nacional desse ano que foi disputado ao golo entre o SLB e o FCP. O Glorioso recebia a CUF, arbitrado por Calabote e o FCP visitava Torres Vedras com uma vantagem de 4 golos sobre o SLB.

    A lenda/caso teve origem na hora a que começou o jogo da Luz, em vez de começar às 15h (à mesma hora do Torreense-FCP), os jogadores do SLB atrasaram o início do jogo em 6 minutos para saberem como estava o jogo do FCP e ainda terem tempo de tentar marcar mais golos. O tempo de compensação na Luz foi de 4 minutos, o que levou a que o jogo acabasse 10 minutos mais tarde que o de Torres Vedras dando origem a comentários do tipo "o árbitro deu 10 minutos de desconto à espera de um golo do SLB" , sim... esse golo dava o título ao SLB.

    No fim de contas, vencemos a CUF por 7-1 e tivemos 3 penaltis a favor, o que deu origem ao prolongamento da lenda. Quanto aos penaltis, o que vos posso dizer (na altura ainda nem sequer tinha nascido... nem a maioria de vocês) é com base nos jornais da época, e dizem que dois deles foram bem marcados e um não. Perto do fim, com o resulto já em 7-1 e o jogo de Torres Vedras já finalizado com 3-0 para o FCP, há um penalti claríssimo a favor do SLB que não foi marcado pelo Calabote, segundo as declarações do técnico da CUF "o árbitro exagerou nos penaltis, principalmente no 2º (o tal que não era) e agora no fim não marcou um autêntico penalti (falta sobre Cavém), marcar este seria mais razoável. Se o árbitro quisesse dar o título ao SLB... não acham que marcaria um penalti claríssimo??? Ou só se podiam marcar 3 penaltis na altura???
    .
    CONTINUA ....
    .

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  10. CONTINUAÇÃO ...
    .
    Já deduziram nas linhas acima que o campeão na época da lenda-Calabote foi o....FCP!!!!! Portanto, o caso que todos os anti-Benfica nos lembram (uns viveram na época e sabem o que se passou, outros acrescentam pontos ao conto) de ter sido o maior beneficio da história do SLB, o campeão foi o FCP, no mínimo é curioso......
    Inocêncio Calabote foi irradiado da arbitragem na época seguinte não por ter assinalado os 3 penaltys a favor do SLB, mas por ter mentido no relatório ao dizer que o jogo tinha começado a horas e tinha tido 2 minutos de compensação. Calheiros, Paixões e Duartes todos eles relacionados com o FCP, viagens cosmos, fruta e quinhentinhos, respectivamente, não tiveram tratamento semelhante mesmo existindo provas contra eles e o clube que os corrompeu.

    Por último, umas notas curiosas da época 58/59:

    Chino, influente extremo direito do SLB foi castigado com 5 jogos de castigo na fase decisiva da competição, tendo sido a pena reduzida para 1 jogo de castigo quando já tinha cumpridos 4 jogos!!!
    O jogo Belenenses-Benfica da 19ª jornada (eram 26 no total) foi protestado pelos azuis do Restelo pela anulação de um golo de canto directo ao Belenenses e por a barreira do Benfica se ter mexido antes de Matateu apontar um livre - o jogo acabou por ser repetido e foi repetido quando? Antes do decisivo Benfica-CUF e depois de uma, sempre desgastante, visita do Benfica a Alvalade.
    A 3 jornadas do fim, quando o Porto partia muito atrás do Benfica no que à diferença de golos diz respeito, os portistas receberam o Belenenses e venceram num estranho... 7-0, mais estranho ainda por o Belenenses ser um clube muito forte da altura e acabar esse Campeonato em 3º lugar a 3 pontos de Porto e Benfica.
    Na penúltima jornada, no Sporting-Benfica (2-1), o Benfica acabou o jogo com 9 jogadores, um por expulsão e outro por lesão (não existiam substituições), lesão essa que teve origem (ao que consta) numa batalha campal em que o jogador do SLB foi deixado KO!!.
    No último e decisivo jogo do Porto em Torres Vedras, o Porto venceu por 3-0 com dois dos golos a serem apontados muito perto do fim e com o Torreense a jogar com 9 jogadores apenas...

    Pode-se então dizer que o Campeonato de 58/59 foi repleto de casos e que o suposto "caso Calabote" foi apenas um deles, não tendo tanta força como certas personagens querem fazer crer.
    De salientar ainda que, para além da Comissão Central de Arbitragem estar a ser presidida por um associado belenense, a Federação era presidida por Maia Loureiro, sócio do Sporting, pelo que a teoria do controlo do Benfica nas mais altas instâncias do futebol português nesta época cai também por terra.

    A partir de agora, sempre que vos venham com o caso Calabote já se podem defender melhor.
    Podemos dizer que na altura em que tínhamos um árbitro a nosso favor (é o que os anti-SLB dizem) esse árbitro não marcou um penalty claríssimo que daria o campeonato ao SLB (se não fosse a nosso favor o que teria feito) e o campeão foi o FCP com um golo a 20 segundos do fim e com arbitragem muito contestado pelo Torreense (desceu de divisão) do árbitro Francisco Guiomar.

    Deveríamos começar uma lenda com este árbitro, mas não precisamos de lendas pois temos as escutas no YouTube (... que são inconstitucionais... ).

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  11. Rui Miguel22/02/13, 18:46

    Gravado na memória de toda a nação portista e frequentemente evocado sempre que a arbitragem é tema de discussão, ignorado - e "desmistificado" - pelo povo benfiquista, Inocêncio João Teixeira Calabote, o primeiro árbitro irradiado em Portugal, é, definitivamente, uma figura incontornável da história do futebol português. Os que se revêem no episódio, porque o presenciaram ou porque tiveram a oportunidade de o conhecer pelos registos históricos, chamam-lhe o "caso", o caso em que Calabote terá tentado ajudar o Benfica a tirar o título que acabou por ser do FC Porto, por apenas um golo na longínqua temporada de 1958/59. Os que contestam a veracidade da estória - porque, dizem, trata-se de um caso que até acabou por dar um título ao clube das Antas - dão-lhe contornos de um filme de ficção e fantasia. É uma lenda, insistem. Uma mentira que de tantas vezes repetida acaba por se tornar verdade… Mas não é, de facto. Calabote é mesmo uma realidade e os factos falam por si, não deixam mentir. Não é um mito como muitos tentam, a todo o custo, fazer crer. É um caso que se segue na linha de outros escândalos da arbitragem que se sucederam na década de oitenta e noventa, como o caso de Inácio de Almeida, que acabaria irradiado por não ter validado um golo legal ao Sporting num dérbi com o Benfica (que não podia perder, sob pena de ser apanhado na classificação pelo FC Porto); o do envelope de Francisco Silva, acusado de ter sido subornado num jogo entre o Penafiel e o Belenenses; os "quinhentinhos" de José Guímaro, o único árbitro português condenado em tribunal por actos de corrupção; ou o de Carlos Calheiros e da sua suspeita viagem em família para o Brasil. E no ano em que se comemoram as bodas de ouro desta história, que curiosamente coincide com uma altura em que a corrupção no futebol português se tornou tema preferido dos arautos da verdade desportiva, proponho que façam uma viagem na história, recuem 50 anos e recordem um dos mais célebres casos da história do nosso futebol.

    O "Caso Calabote" de João Queiroz

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  12. Desportista Sério22/02/13, 18:51


    X. As mentiras e irradiação de Calabote


    «A Comissão Central de Árbitros decidiu pedir esclarecimentos ao árbitro sr. Inocêncio Calabote sobre certos passos do relatório do jogo Benfica-CUF (...).
    Naquele seu documento, o sr. Inocêncio teria declarado que o jogo principiou às 15h, terminado a primeira parte às 15:45h. No que respeita à segunda parte, concedeu dois minutos como compensação de tempo perdido, registando o fim do encontro às 16:42.»
    Jornal de Notícias, 26/03/1959

    «Finalmente o sr. Inocêncio Calabote respondeu ao questionário que a Comissão Central de Árbitros lhe enviou, solicitando esclarecimentos sobre a cronometragem do jogo Benfica-CUF, no qual o referido indivíduo interveio como juiz da partida.
    O sr. Calabote limitou-se a dar uma resposta ultra-sintéctica, afirmando que no seu relógio eram precisamente 15 horas quando deu o início ao jogo. Isto é, confirmou as declarações que redigiu no boletim.»
    Norte Desportivo, 09/04/1959


    Quer no boletim oficial do jogo, quer na resposta ao questionário que a Comissão Central de Árbitros lhe enviou, Calabote afirmou: “O jogo principiou às 15h e a 1ª parte terminou às 15:45. A 2ª parte começou às 15:55 e terminou às 16:42 (dei 2 minutos de compensação)”.

    Ora, facilmente se provou que o Inocêncio estava a mentir descaradamente. Havia testemunhas? Sim, milhares de pessoas que no campo das Covas (nome do campo do Torreense) tinham ficado cerca de 15 minutos à espera que terminasse o Benfica x CUF e centenas de milhares de pessoas, que acompanharam o relato dos dois jogos feito pela Emissora Nacional.

    Sabendo que seria facilmente desmascarado, o que levou Calabote a mentir de forma tão flagrante no boletim oficial do jogo e, posteriormente, a insistir nessa mentira?
    Quem é que Calabote procurou proteger, com o harakiri ético-desportivo que cometeu?

    Uma das primeiras pessoas a desmascarar Inocêncio Calabote foi precisamente um dos seus fiscais de linha, o qual, no âmbito do processo disciplinar que foi instaurado, diria o seguinte:

    «Faltariam aproximadamente dois minutos para as quinze horas quando entrou a equipa do Benfica. Havia numerosos fotógrafos dentro do campo para fotografar a equipa. Isto deu lugar a uma certa demora, tendo o árbitro procurado que os fotógrafos abandonassem o campo. Isto fez com que o jogo principiasse uns três minutos, aproximadamente, depois das quinze horas.»
    Manuel Fortunato, fiscal de linha de Inocêncio Calabote

    Em 12 de Outubro de 1959, o ‘Mundo Desportivo’ refere: «O árbitro Inocêncio Calabote, da Comissão Distrital de Évora, foi irradiado após conclusão do respectivo processo disciplinar».

    Três dias depois (15/10/1959), em entrevista publicada no ‘Norte Desportivo’, o Dr. Coelho da Fonseca, Presidente da Comissão Central de Árbitros (CCA), afirma:
    “é (...) um caso de ordem moral. Inocêncio Calabote fez uma coisa em campo, aliás controlada por toda a gente, e escreveu, precisamente, o contrário no boletim de jogo. Isto somado a uns tantos casos já passados com o referido árbitro levou-nos à decisão tomada.”

    Saliento a referência a “tantos casos já passados com o referido árbitro”.
    ......... C .....

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    1. Desportista Sério22/02/13, 18:52

      ..... C ....


      Em 7 de Novembro de 1959, ‘A Bola’ publicou uma outra entrevista do Dr. Coelho da Fonseca, em que este diz o seguinte:
      “Como é do conhecimento público, esse jogo [Benfica-CUF] principiou cerca de dez minutos depois da hora marcada e teve um prolongamento de cinco ou seis minutos. Tanto o atraso como o prolongamento não constituem, em si mesmos, ínfima matéria de culpa. O erro do sr. Calabote consistiu em pretender convencer-nos, contra as evidências dos factos, de que principiara o encontro às 15h precisas e de que o prolongara por dois minutos apenas. É aqui, nesta atitude escudada e incompreensível, que o antigo árbitro eborense deixa de merecer a confiança do público e da CCA”.


      Em 1991, 32 anos depois de ter sido irradiado, Calabote ainda não mostrava arrependimento pelos seus actos como árbitro, nem pelas mentiras despudoradas que disse e escreveu.
      Numa entrevista que deu sobre o caso, o "inocente" Calabote afirmou:
      «Na manhã seguinte, em Évora, preenchi o relatório do jogo, que mandei para a Comissão. Tinha assinalado três penaltis e expulsado três jogadores da CUF. Creio que não houve mais nada de especial a registar. (...)
      Em 1958/59, a presidência da Comissão Central de Árbitros, por força da rotatividade do cargo ou de qualquer coisa no género, foi parar às mãos do Belenenses, então um dos quatro grandes, na pessoa do Dr. Coelho da Fonseca.
      O presidente anterior veio a Évora avisar-me um belo dia: 'Você ponha-se a pau, que a Comissão que entrou vem com intenções de o irradiar', disse-me ele, o Gameiro Pereira. Queriam vingar-se.
      Logo de seguida, depois do tal Benfica-CUF, alegando má-fé minha no preenchimento do relatório do jogo – que teria começado não sei quantos minutos depois da hora, que teria tido um intervalo maior que o devido e um prolongamento excessivo também –, o Dr. Coelho da Fonseca abriu-me um inquérito e não descansou enquanto não conseguiu que me fosse aplicada a pena de irradiação da arbitragem.
      Ao fim de 22 anos de bons e leais serviços, conseguiram pôr-me na rua alegando um pretenso erro meu de cronometragem. E se escrevi no relatório que prolonguei a partida durante quatro ou cinco minutos foi porque entendi que o devia ter feito e porque foi esse o tempo que o meu relógio realmente marcou. E qual é o relógio que conta?»

      Enfim, para o Inocêncio tudo absolutamente normal... e, provavelmente, naquele tempo até era...
      "22 anos de bons e leais serviços"?
      Sobre isto não tenho a mais pequena dúvida.

      Relativamente à "rotatividade do cargo ou de qualquer coisa no género", afirmação de Calabote referindo-se à presidência da Comissão Central de Árbitros, vale a pena perceber quem eram e como é que estas coisas eram feitas.

      Filipe Gameiro Pereira (o dirigente da arbitragem amigo de Inocêncio Calabote que o foi avisar a Évora...) era um ex-árbitro, filiado na Associação de Futebol de Lisboa, entre 1931 e 1950.


      Filipe Gameiro Pereira nas filmagens do filme 'O Leão da Estrela'

      De 1950 a 1953 foi secretário-geral da Comissão Central de Árbitros por nomeação da Federação Portuguesa de Futebol e, de seguida, foi presidente da mesma Comissão durante cinco anos nomeado pelo... Governo (Ministério da Educação)!

      No número 14 do Boletim ‘O Árbitro’, referente ao mês de Agosto de 1958, Filipe Gameiro Pereira escreveu um artigo no qual se despede do cargo de dirigente da Comissão Central de Árbitros, que exerceu durante oito anos.
      Por curiosidade, nas Notícias Regionais do mesmo Boletim era destacada a palestra proferida pelo Tenente-Coronel Ribeiro dos Reis (lembram-se dele?) na Comissão Distrital de Árbitros de Lisboa. Eram todos amigos do peito…

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    2. Desportista Sério22/02/13, 18:52



      No Boletim ‘O Árbitro’ Nº 15, referente ao mês de Setembro de 1958, é dado destaque à sucessão na presidência da Comissão Central de Árbitros, com a entrada de Coelho da Fonseca para o lugar de Filipe Gameiro Pereira.

      José Coelho da Fonseca era um ex-Presidente do Belenenses (foi Presidente dos três órgãos do Clube, Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal) e, para além da presidência da Comissão Central de Árbitros, foi também Presidente da Associação de Futebol de Lisboa.

      Percebem porque razão era quase impossível a um clube que não fosse da capital do Império ganhar o campeonato?

      Inocêncio João Teixeira Calabote, árbitro da Comissão Distrital de Évora, foi considerado e premiado pela Comissão Central de Árbitros, «pelo Desporto e a Bem da Nação», como o melhor da época 1952/53.
      Para premiar o "excelente" desempenho que tinha dentro de campo, Calabote foi indicado à FIFA como árbitro internacional em 1953/54 e 1956/57.

      Numa entrevista concedida ao jornal A BOLA, em 26/03/1955, o presidente da Comissão Central de Árbitros da altura, o lisboeta Filipe Gameiro Pereira, referiu-se ao Inocêncio como «do melhor que tem passado pelo sector da arbitragem».

      Enfim, foi com árbitros deste calibre, sempre devidamente premiados pelos dirigentes do BSB que rotativamente ocupavam os lugares na Comissão Central de Árbitros, que se escreveram quatro décadas da história do futebol português.


      P.S. Hoje, 22 de Março de 2009, completam-se 50 anos desse tristemente célebre Benfica x CUF arbitrado por Inocêncio Calabote. Com a publicação deste artigo termino a viagem a um dos casos mais polémicos da história do futebol português (como lhe chamou o ‘Record’), o qual, conforme ficou evidente, é muito mais do que um mero caso de arbitragem.

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    3. Senhor Desportista Sério, o senhor pode ser sério mas apenas quando não se está a rir.

      Essa história está muito mal contada. O Alberto Miguéns é quem sabe muito bem como todo o enredo foi montado e como tudo se passou, com a ajuda dos testemunhos que vieram em vários jornais da época.

      O problema do jogo não foi a cronometragem, isso é mais uma tentativa para atirar areias para os olhos das pessoas, mas sim o que se passou nos DOIS JOGOS! Isso é que é importante!

      Se um jogo começou mais ou menos a horas isso não tem, como não teve, qualquer importância para os resultados dos jogos. Como se provou!

      O que teve mais importância foram as EXPULSÕES!! Pois apenas com a ajuda das 2 expulsões, e só depois delas terem acontecido, o Porto conseguiu ganhar ao Torrense!

      O Calabote se quisesse tanto ajudar o Benfica a ganhar também podia ter expulsado jogadores da CUF. No entanto não o fez! Porquê? Então não estava vendido?

      Então se estava vendido, porque é que não marcou um penalty claro contra a CUF como disseram TODOS os jornais da época? Até o próprio treinador da CUF o disse!

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  13. Rui Miguel quantos anos tens? Eu tenho 73 anos ( nasci em 1939 ) ano em que o FCPorto ganhou o primeiro campeonato português, aliás como viria a ganhar o 2º. Como a hegemonia já se tornava incómoda para o Governo de então há que favorecer os três da capital BBS. Então em 1958/59 como o FCP tinha uma oportunidade de ganhar o campeonato recorreram a tudo para lhe retirarem essa possibilidade. Foi o começar do jogo 11 minutos (onze) depois dos outros jogos, a compra do guarda redes da CUF, cuja exibição foi tão escandalosa que o próprio treinador teve que o substituir, a marcação de penaltis duvidosos ( sim já nesses tempos o Duvidoso era um grande jogador do SLB ) e o prolongar do jogo no final. Eu sei porque estava lá a ouvir no Rádio Clube Português o relato. Não me queira lavar o cérebro que não o consegue.

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    Respostas
    1. Conversa da treta e mentirosa! O facto de ter 73 anos não lhe dá direito a mentir!

      Só um penalty foi duvidoso. No fim houve um penalty claro, como foi dito por todos os jornais, que não foi marcado pelo Calabote! Porque razão não o marcou? Será por querer o ajudar o Benfica?
      Isso veio em TODOS os jornais da época!

      Explique-me lá como é que o Porto, para melhorar a diferença de golos, ganhou ao Belenenses por 7-0, quando o Belenenses era uma das 3 melhores equipas portuguesas nesse tempo? Quando me explicar isso muito bem explicadinho, pode continuar a falar!

      O Porto foi ajudado DUAS VEZES pelo GOVERNO da REPÚBLICA FASCISTA nos anos 40, para não descer de divisão. E isto não se ouviu na rádio nem é boato. O que fizeram? Alargaram o campeonato!
      Onde é que nós já ouvimos isto?

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  14. toca se no assunto e a miserável tendência para a mentira dos adeptos do por surge em forma de raiva
    agora até já três jogadores da cuf expulsos!!!!!?????
    mas que canalha nojenta! mentem, mentem, mentem e inventam, mas não conseguirão nunca de deixar de ser um clube corrupto

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  15. "Tinha assinalado três penaltis e expulsado três jogadores da CUF." (...)

    DASSE, já conseguiram aldrabar a data de criação do clube, agora pensam que conseguem aldrabar os eventos dos jogos. Daqui a uns anos ainda vão dizer que foi o Manuel Vilarinho quem deu... "conselhos matrimoniais".

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