Benfica: Contas? Vamos a elas!

O C. de Administração da SAD (CA) acaba de divulgar o seu “Relatório & Contas” (R&C) para o semestre entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2012 (o segundo do ano, mas primeiro do exercício económico que termina em 30 de junho próximo) e este Benfiquista que eu sou, vaidoso, quer começar por vos pedir que tentem ler o documento, ainda que este pedido me possa obrigar a responder, aqui n’OBELOVOAR, a tantas dúvidas quantas os leitores me possam vir a apresentar.    

O enquadramento económico.

Estas são as ‘contas’ do penúltimo semestre em que o Glorioso anda a ‘alimentar’ a sanguessuga da olivedosporcos e se dúvidas ainda subsistissem quanto a isso, creio que já se dissiparam as dos mais renitentes.

7,5ME (contra o mais do triplo que Nos ‘ofereceram’ para renovar por 5 anos)!

Sujeitaram-nos à mingua, fizeram com que superássemos mais essa deturpação da Verdade Desportiva, com que nos concentrássemos na imaginação de alternativas e, finalmente, hoje, o Benfica diz-vos a uma só voz: metam esses 7.5ME onde melhor vos aprouver!

Estas são as ‘contas’ do primeiro semestre do quinto exercício consecutivo cumprido no cenário da maior crise financeira da história da humanidade (não, não contem com um final próximo), da maior recessão na economia portuguesa desde há décadas, que culmina no mais inimaginável terramoto (chamemos-lhe assim) fiscal.

Nós, Benfiquistas, Nós que Somos o Benfica, Nós, TODOS, UM, desde o Presidente ao mais humilde e longínquo Adepto, tivemos de sair do fundo do abismo pelas nossas próprias mãos e pés, tivemos de o fazer com um ‘mamão’ pendurado na algibeira e ainda tivemos de lhe agradecer por isso, conscientes que, sem ele, não teríamos conseguido.

Ultrapassada essa vertigem do abismo e recuperada a credibilidade, aceitamos o desafio de honrar a Nossa Gloriosa História e, humilde e determinadamente como o Povo sempre faz, quisemos sonhar um Futuro à Benfica.

Sem ‘cheta’ própria (não somos herdeiros de nada a não ser os Nossos Valores Universalistas e Democráticos), recorremos a umas quantas (talvez 5, se somarmos todas as parcelas da década) centenas de milhão de euro, construímos muito, muito Parque Desportivo e uma Enorme Equipa de futebol (de facto, construímos muitas, muitas Equipas de futebol, entre futebol de 11 e futsal, entre masculinos e femininos, dos Seniores profissionais aos mais amadores dos infantes).

Quando a crise financeira transformou em mais de 20ME anuais (quase o triplo do expectável) a ‘fatura’ desse recurso aos ‘capitalistas’, não corremos, a chorar, para as ‘saias da Mãe’ (vulgo troika): adaptamo-nos, cerramos dentes e fileiras e aceitamos ver partir alguns dos melhores Atletas, por forma a honrar os compromissos e manter a capacidade de continuar a investir no futuro.

Agora, quando, finalmente, já discutíamos a luz que vinha do fundo deste túnel de uma década, o Governo que também ajudamos a eleger (que se penitenciem os que decidiram abster-se) entendeu que tinha de empobrecer a esmagadora maioria dos Nossos Sócios e Adeptos e, não satisfeito, num esmero de politica desportiva, passou a ‘carregar’ boa parte dos Nossos Proveitos com mais 17% de IVA (de 6 para 23%).

Ahahahah, rimo-Nos Nós, mesmo que com vontade de chorar, olhos postos na Bandeira que serviu para celebrar a queda do fascismo na europa e em Portugal!

Nós Somos o Benfica, cambada!

Nós sentimo-Nos cansados e percebemos que estamos ‘quentinhos’ para fazer mais e melhor!

E rimo-Nos do cansaço que lhes percebemos por não perceberem de onde Nos nasce a Determinação!

E rimo-Nos da surpresa que vos estica as queixadas caídas!

Perdoem a Vaidade deste Benfiquista, Companheira(o)s, mas é assim que eu vejo o cenário macroeconómico, politico e social em que se enquadram estas ‘contas’ semestrais. Estas e as que se lhes seguirão.

Proveitos, Custos e Resultados.

Com os Proveitos Operacionais (sem contar com as transações de Atletas) todos em queda, com exceção do ‘merchandising’, quer face ao cenário depressivo, quer porque tivemos só 3 desafios da Champions (contra 5, no ano anterior) na Catedral, o valor do semestre ficou-se pelos 45,1ME (contra os 50,2ME), menos 10% do que no período homólogo anterior. Sublinho, por me parecer qualitativamente relevante, que a receita com quotizações só diminuiu 1%, o que vale por dizer que ‘cresceu’ 1%, face ao aumento (17%) do IVA.

E com os Custos Operacionais (ainda sem contar com transações de Atletas) a serem ‘ajustados’ em baixa (menos 8% nos ‘Custos com Pessoal”, muito por não termos tido ‘prémios de qualificação para a Champions’ a pagar), o semestre terminou com um acumulado de quase 40ME (contra 42,7), menos 6,5% que no exercício precedente.

Os Resultados Operacionais (sem transações de Atletas, claro) desceram de 7,5 para 5,2ME, mantendo-se intocável o cumprimento das projetadas regras de “Fair Play Financeiro”.

Como no atual cenário nacional seria absolutamente inqualificável não apoiar, o CA aceitou prescindir do Javi e do Witsel (mais alguns ajustamentos como as saídas do Yartey, do Emerson e do Capdevilla), por forma a garantir, desde logo, um exercício anual equilibrado e, assim, os Resultados de Transações de Atletas, ou seja a soma dos proveitos, deduzidos todos os custos (comissões, ‘solidariedades’ e tudo o mais), amortizações de todo o Plantel incluídas, ascenderam ao montante inédito de quase 30ME, quase o dobro do valor obtido (16ME) um ano antes.

Ou seja e mesmo no meio da mais devastadora recessão de que temos memória, a exploração económica da SAD (o Cash Flow Operacional) ‘libertou’ 46,3ME (34,5, há um ano), o que, por mais que alguns gostassem de escamotear, constitui um resultado digno de registo.

Apresentada a ‘fatura’ dos que nos emprestaram o dinheiro com que financiamos a exploração da SAD (11ME, contra 10,5ME anteriores), todas as ‘contas’ terminam num Resultado Liquido semestral (LUCRO) de 20,9ME, mais 12,6ME do que no período homólogo anterior.

Se me permitem uma brincadeira, eu diria que, em Portugal, há dois Grupos que, mesmo sem Capitais Próprios, conseguem o ‘milagre’ de ter resultados positivos: um deles – a TAP, tem um dos CA mais bem pagos do mercado, enquanto o outro e maioritariamente constituído por Benfiquistas a maioria dos quais trabalha graciosamente (José Eduardo Moniz incluído)! 

O Balanço.

Depois destes resultados, o Balanço (sintético) Consolidado da SAD em 31 de dezembro de 2012 ficou assim …

Um Passivo que desceu 32,4ME de 426,1ME para 393,7ME.

Um Activo que desceu 12,5ME, de 411,9 para 399,4ME (o que quer dizer que investimos menos do que a soma das amortizações com as ‘saídas’).

E, pela diferença, Capitais Próprios que passaram de 14,2ME ‘negativos’ para 5,7ME positivos.

Se pertencem ao grupo dos que costumam seguir os meus comentários ‘económicos’ sobre o Glorioso, então sabem bem que eu considero que o Nosso Activo se encontra dramaticamente subavaliado, sobretudo no que respeita aos chamados ‘Activos Intangíveis’ que são constituídos pelo conjunto dos ‘passes’ de Atletas detidos pela SAD e o Contrato de Exploração da Marca Benfica para o futebol, somatório esse que está registado em Balanço pela ‘pechincha’ de 96,2ME, menos de um terço daquilo que eu estou convencido que eles valem … de facto.

O Futuro.

Vale a pena registar que o R&C clarifica que, já depois de 1 de janeiro, foram realizados investimentos no Plantel da ordem dos 12ME o que, mesmo já sendo ‘passado’, significa que se mantém a estratégia há muito aprovada pelos Acionistas (e sufragada pelos Sócios), que passa por manter os investimentos que possam contribuir para a melhoria da competitividade da Equipa.

Quero, então, dizer que está tudo bem no Nosso Clube?

Não, não está: algumas coisas estão melhor que bem e todas, todas sem exceção, podem melhorar!

Podem e vão ter de melhorar, porque assim nos exige o Nosso Benfiquismo.

Estamos (ou permanecemos) no caminho correto?

Sim! Na minha humilde opinião e em definitivo … sim!

Persistem ‘nuvens negras’ a ensombrar o Nosso Futuro?

Inegável!

No triste quadro que o ‘des porto’ nos impõe há mais de 3 décadas e neste ‘olho do furacão’ (sem bonança) em que vive o pais, todos temos de manter a noção muito clara de que ainda não cumprimos o Nosso papel na Nossa Gloriosa História.

Essencialmente e tal como venho afirmando há alguns anos, cada vez com maior premência, o Grupo Benfica tem de fortalecer os seus Capitais Próprios!

Como fazê-lo?

A longo prazo, há que manter um equilíbrio positivo na exploração, se possível atingindo um acumulado de 30 a 40ME na soma deste e dos próximos 3 exercícios económicos.

A curto prazo e na minha humilde opinião, seria desejável um ‘impulso externo’ (talvez da ordem dos 50ME fosse suficiente), para o qual existem várias boas soluções, todas elas demasiado ‘técnicas’ para este texto e oportunidade, mas sobre as quais vos garanto que a SAD vem trabalhando há mais de um ano (e garanto ate porque o R&C o refere explicitamente).

Não vos querendo massacrar mais, vou concluir por aqui mesmo, com a promessa de regresso marcado para daqui a dois dias com um texto em que tentarei desmascarar algumas das bacoradas que têm sido escritas pelos anti vieiristas (coitadinhos dos crocodilos, ahahah), mais as que deverão ser adicionadas nos comentários de hoje, alem de tentar responder a todas as vossas duvidas e questões pertinentes.

Viva o Benfica!  

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Escrito por: José Albuquerque

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