sábado, 19 de maio de 2012

BENFICA SAD, " CONTAS " do 3.º TRIMESTRE..



Benfica SAD, “Contas” do 3º trimestre.


Ontem mesmo (dia 18/5) a Benfica SAD informou o mercado das suas contas trimestrais (de 1/1/2012 a 31/3/2012), através do competente comunicado á CMVM. 
Não sei se o Ricardo aqui vos pode deixar o link, mas se tal não for possível, o “caminho” e muito simples: vão a www.cmvm.pt , selecionam “todas as sociedades emitentes (resulta uma listagem por ordem alfabética), “clicam” na Nossa, depois em “prestação de contas”, depois em “trimestrais” e, finalmente, abrem o comunicado mais recente. Como já sabem, trata-se de uma consulta que eu recomendo a todos os Companheiros, independentemente do grau de proficiência com este tipo de assuntos.

Com a comodidade que resulta de saber que os leitores consultarão o comunicado, evito estar a descrever todos os números descritos e passo a concentrar-me nos comentários que vos podem ajudar a interpretá-los mais eficientemente.

O comunicado tem uma parte textual que explica e sublinha todos os factos mais importantes (e os correspondentes “números”) e que não carece de nenhuma clarificação.Na parte, digamos, “numérica” do comunicado, há duas partes distintas: (1) aquela em que são apurados os Resultados do Exercício e que, por isso mesmo, se costuma designar por Demonstração de Resultados e (2) uma segunda parte em que são descritos os elementos do Activo, Passivo e Capitais Próprios, habitualmente designada por “Balanço” (ou Demonstração Financeira).
Estas duas partes distintas reproduzem “coisas” fundamentalmente diferentes: enquanto a Demonstração de Resultados nos “conta o filme” contabilístico da SAD entre 1/7/2011 (data do início do exercício corrente), a segunda parte – o Balanço, dá-nos a “fotografia” da SAD em 31/3/2012, tal como se fosse a derradeira imagem daquele “filme”.

O meu primeiro comentário vai para Nos felicitar, a TODOS, UM, para o facto de a SAD ter conseguido prestar esta informação 48 dias após o final do período reportado, demonstrando um progresso substancial em relação a anos precedentes e batendo (veremos por que distância) a “concorrência” das outras sad cotadas (que ainda devem andar a “pintar” os seus números).

O segundo comentário, vai para os primeiros dados mais importantes:1)Proveitos Operacionais em crescimento de 21%, para 74,8ME;
2)Custos Operacionais a crescer abaixo de 10%, para 64,1ME; e, consequentemente,
3)Um Resultado Operacional a mais que triplicar - (de 3,2ME para) 10,7ME

Esta significativa cifra de Proveitos Operacionais e o substancial aumento face ao período homólogo do exercício precedente, mesmo contando com a total ausência de receitas em “cachets” (recordem que ate o grande Real foi ganhar uns cobres aos EAU), explica-se com aumentos nos patrocínios (viva a loira mais fresca da história – Sagres, a sede que se deseja) de 2,7ME, nas receitas de bilheteira “interna” (apesar da quebra na venda de Red Pass) em mais de 2/3, da bilheteira “Champions” para 5,4ME (valeu a pena, com tantos e tao bons desafios) e, finalmente, por mais de 21ME em prémios da “Champions”.Curiosa mas não surpreendentemente, a Champions também foi responsável por um aspeto do acréscimo dos Custos Operacionais: os custos com pessoal (salários e prémios) aumentaram mais de 15% para quase 38ME.
Ainda dentro dos Custos Operacionais, quero chamar a atenção para uma evolução negativa de que eu já não tinha memória na SAD – uma queda das amortizações (em cerca de 300 mE e sem considerar os “passes” de Atletas), que significa o “desaceleramento” no ritmo de investimentos corpóreos.

O terceiro comentário, vai para as “operações com passes” de Atletas:4)Custos com amortizações e imparidades de 20,9ME (mais 1,8ME que no período homólogo anterior); e
5)Proveitos de 24,8ME (contra 32,7ME em 31/3/2011); desembocando num 
6)Resultado de 3,9ME, quase 10ME a menos do que o de igual período anterior, que tinha sido muito determinado pela venda do Luiz em Janeiro de 2011

Em resultado destas duas componentes (3 + 6) a SAD acumulou 14,6ME de Resultados Operacionais Totais (menos 2,1ME que em 2011), amplamente suficientes para cobrirem os “prejuízos financeiros” de 12,1ME (em 3 trimestres e, assim, permitindo uma previsão de cerca de 16ME para todo o exercício) e concluindo num Resultado Liquido positivo de 2,5ME.

Permitam-me que aproveite esta oportunidade para, na sequência do anterior texto sobre estes temas (“Milagre Financeiro”?), uma vez mais desmentir os anti Vieira e reafirmar que a SAD não necessita de vender rigorosamente nada nem ninguém para honrar todos os seus compromissos, incluindo os encargos financeiros e por duas razões essenciais: 
(1) primeiro porque “vender atletas” não implica, necessariamente, receber meios financeiros, como podem testemunhar o Santos e o Standard de Liége que venderam alguns atletas a um clubeco caloteiro e andam a penar para ver a cor da “guita” e, em segundo lugar, 
(2) porque a SAD tem muitas outras fontes de receita para suprir os seus compromissos.Uma vez mais eu insisto (tentando ser o mais “básico” possível) em afirmar que, ao nível atual dos custos (financeiros incluídos) o que a Nossa SAD necessita é de realizar mais valias com passes de Atletas (mesmo oferecendo 2 anos de prazo de pagamento), por forma a garantir o nível de proveitos que nos tem sido negado pelo mamão chupista.

Se nos aparecer mais algum Companheiro na caixa de comentários a questionar-me sobre esta matéria (a diferença entre “vender para ter dinheiro para pagar” e “realizar mais valias com passes de Atletas”), juro-vos que já não saberei como me explicar, pelo que terei de pedir ajuda a outro Companheiro (o Ricardo, o Manuel, o Guachos, ou outro que se disponibilize para o efeito).

Passando a falar do Balanço (31/3/2012), registamos:

7) Um Activo Não Corrente que cresceu cerca de 3,5% (face a 30/6/2011) para 335,1ME, onde destaco uma ligeira queda da componente “Tangíveis” (confirmando a quebra no ritmo de investimento já referida), compensada pelo aumento dos valores de “Intangíveis” (onde estão os passes do Plantel, recordem-se) em quase 4ME e de Clientes em quase 5ME (confirmando que, aparentemente, o Real paga mais tarde do que o Chelsea); e
8) Um Activo Corrente (dinheiro e efeitos a receber a curto prazo) que cresceu quase 9ME para 70ME, dos quais mais de metade (37ME) corresponde a verbas a receber de Clientes; resultando num
9) Activo Total Liquido (de amortizações) que ultrapassou os 402ME (crescendo mais de 5% face a 31/6/2011).

Enquanto do lado do Passivo sublinhamos:

10) Um Passivo não Corrente (a médio e longo prazos) que decresceu (3%) para 204ME, no qual se destacam quase 138ME de “empréstimos”; e
11) Um Passivo Corrente (a curto prazo) de quase 196ME (em crescendo de 16%), no qual contamos com 117ME de “empréstimos” (mais quase 25ME do que em 31/6/2011): totalizando
12) Um Passivo Total de 400ME, comparado com os quase 380ME de há 9 meses atrás.

Destes números, resulta que os Capitais Próprios da SAD desceram ligeiramente (0,5ME) para 1,9ME, além de podermos concluir que subiu, ainda que ligeiramente, o endividamento médio do Grupo Benfica.

Conclusão

De todo o aqui exposto (e do próprio comunicado), podemos concluir que não se registaram verdadeiras “surpresas” neste trimestre (como teriam ocorrido em caso de uma venda em janeiro de algum dos Atletas mais valiosos), mantendo-se a Administração fiel aos propósitos votados pelos acionistas.
Mantendo-se as principais “ameaças”, quer “internas” (elevado endividamento), quer “externas” (recessão económica e crise financeira), por mais que os Proveitos da SAD tenham tido um excelente desempenho e até que eles possam receber o impulso significativo que resultará de uma remuneração efetiva pelos direitos televisivos, continua a não ser possível reduzir o Passivo substancialmente.
Nestes termos e fora uma opção mais decisiva (um aumento do Capital Social ou uma inversão da estratégia de gestão), a Administração deverá continuar a controlar rigorosamente os equilíbrios atuais e a contar com a realização de mais valias com “passes” de Atletas como parte do “core business”.

Sinceramente, espero que as eventuais e desejáveis candidaturas que se apresentem na AG eleitoral de Outubro próximo, sejam claras quanto aos seus propósitos de Gestão para todo o Grupo Benfica em geral e para a Nossa SAD em particular, um setor empresarial que adquiriu uma dimensão não compaginável com abordagens demagógicas ou levianas.

Viva o Benfica!  
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Escrito por: José Albuquerque

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