"Companheiros,
Desde muito novo fui ensinado a assumir sem reservas todas as opções que tomo e a respeitar até à exaustão os compromissos com que pessoalmente ou profissionalmente me comprometo. Não é uma atitude inata, foi algo me me incutiram e que hoje em dia sou incapaz de evitar. O respeito pelas instituições de que faço parte, o vestir da camisola e o acompanhar da sua vida e história tem cobrado sempre algo do que toca à minha vida pessoal e à daqueles que me tem acompanhado no meu crescimento como profissional e como pessoa.
Serei sempre grato a quem um dia me deu a mão em tempos de dificuldade e aqueles que me levantaram quando me apetecia continuar deitado e apenas ficar lá e desistir.
A vida tem sempre destes momentos e confesso que enquanto Benfiquista já me senti assim mais vezes do que aquelas que seriam espectáveis em tão pouco tempo de vida. Há sempre algo ou alguém dentro do Benfica com quem não concordamos ou que nos desilude sem estarmos à espera. No entanto, este bichinho que entrou dentro de mim há cerca de 35 anos, tem sido mais do que apenas uma motivação, sendo hoje em dia parte integrante do meu dia a dia, à qual dedico o tempo que não tenho quer seja por diversão ou por puro vício.
Demorei muito tempo até perder a vergonha e começar a partilhar convosco o meu pensamento acerca do nosso Glorioso. As reacções, positivas ou negativas, tem-me sempre incentivado a continuar a tentar participar activamente na vida do nosso clube e a pelo menos sentir-me útil para a discussão, muito em voga hoje em dia, do que é realmente ser Benfiquista. Já muito foi escrito acerca deste assunto e acerca de outros que cirandam incessantemente em torno da mesma coisa, mas dia após dia, tópico atrás de tópico e campeonato atrás de campeonato, voltámos sempre ao ponto de partida como se o Benfica fosse uma instituição incapaz de capitalizar sobre as suas próprias vitórias ou sobre o seu capital humano indiscutível.
Todos os anos temos mais do mesmo. Não me esqueço do que foi dito do Benfica no pós-Quique Flores e como tudo se foi modificando à medida que uma época Gloriosa se ia concretizando numa certeza.
É fado e sina nossa sermos nós próprios a destruir (por falta de confiança ou clara incapacidade de assumir a nossa grandeza) aquilo que somos capazes de criar quase do nada. E era no nada desportivo (futebolístico) que estávamos no dia em que Jorge Jesus entrou como treinador do Benfica e disse numa conferência de imprensa que com ele os jogadores do Benfica iriam jogar o dobro. Foi a partir daí, dessa transcendental conferência de imprensa, que num ápice a confiança dos Benfiquistas passou do 8 ao 80 e, sem que o Benfica tivesse jogado um único jogo que fosse, se iniciasse uma imparável onda de Vermelha Confiança. Basófia? Arrogância? Delírio? Não interessa meus amigos. O que interessa é que a partir desse momento o Benfica no seu todo (equipa técnica, jogadores, direcção, sócios e adeptos), soube capitalizar e criar em torno do clube e de todas as suas ramificações desportivas um ambiente de confiança e de vitória que nos guindou para momentos sublimes de futebol que estavam há muito afastados do nosso estádio e das nossas memórias.
É de momentos tão simples e inesperados como este que infelizmente hoje estamos dependentes. É a crise que vivemos dizem uns. A crise que nos lixa e nos leva a nossa serenidade e a nossa apetência para sermos apenas e só Benfiquistas. Quer financeiramente, quer psicologicamente.
Não vou agora esmiuçar as condições que cada um tem para continuar a apoiar o Benfica em todos os momentos, porque todos sabem o que a cada um lhe tem custado viajar para lá e para cá a reboque dos sucessos e insucessos do Maior de Portugal. Há algo que nos impede de desanimar e que nos leva a nunca desistir e a continuar sempre fiéis ao nosso Glorioso em todos os momentos. Sem seguidismos cegos, sem unanimismos bacocos, sem demagogia de pasquim e sem aproveitamentos pessoais. Esse algo somos nós. O grupo, o conjunto, a família, a mole humana que empurra este ideal em frente e que é a base dos sucessos e o amortecedor dos insucessos do nosso clube. Sem menosprezo para outros mas sem vergonha de assumir a grandeza o nosso Benfica.
Fazer passar estes valores de geração em geração tem sido o trabalho de muitos dos nossos pais, avós, amigos, familiares mais próximos ou mais distantes, adeptos ou sócios, que sempre que vêem um puto a puxar pelos "outros" lhes dizem de imediato: "Ó miúdo olha que estás enganado, deixa-te de tretas porque o maior de todos é o Benfica, são os vermelhos, somos nós!". Eu próprio já o fiz e não acredito que vocês que perdem o vosso precioso tempo a ler estas simples palavras não o tenham também já feito com frequência.
Desengane-se quem pensa que tudo o que se escreve hoje em dia em todo lado acerca do Benfica não tem um objectivo claro de nos reduzir, de nos diminuir ou de nos desmoralizar. Tudo hoje em dia é feito com um intuito claro de promoção de um objectivo pessoal ou pelo menos de alguma forma melhorar a condição que cada um tem na sua vida. Dentro do Benfica também é assim e infelizes de nós os mais puristas que ainda acreditamos nos valores de uma equipa feita de e para a mística que todos carregamos, pois os exemplos que nos chocam a todos estão bem presentes no dia a dia do nosso clube.
Em tempos de crise, principalmente uma crise de valores, sonhava eu acordado há pouco, sejamos nós os primeiros a dar o exemplo de como se deve viver o Benfica e a demonstrar para dentro e para fora o tamanho do nosso clube e a certeza de sermos nós próprios a alavanca para o sucesso que todos queremos para o nosso Benfica. O Benfica nunca será algo de menor na vida de cada um de nós. Nem mesmo na vida daqueles que ciclicamente se aproveitam da sua condição dentro do nosso clube para que, só porque sim, tenham a sensação de serem mais do que aquilo que realmente são.
Respeito, honestidade, responsabilidade e noção do que representamos para o nosso clube é algo que nunca poderemos deixar de ter para com a nossa instituição. Quer tenhamos nascido em terra Lusitana, no reino de Leão e Castela ou em terras de Vera Cruz. Respeito não só pelo Benfica e pelos seus adeptos, sócios ou simpatizantes, mas também pela sua história e pelos seus símbolos. Não existirá nunca um símbolo do Benfica que eu não ostentarei com orgulho e prazer. A minha camisola (qual camisola? o meu manto sagrado!) que me acompanha em todos os jogos, os meus cachecóis, o meu boné, o meu emblema, o meu cartão de sócio, o meu "red pass", a minha história enquanto adepto do Glorioso Sport Lisboa Benfica são algo que eu nunca poderei desrespeitar enquanto puder viver o Benfica como hoje vivo.
A tudo isto somo o prazer inigualável que eu tenho quando me sento no MEU estádio, para ver os MEUS jogadores, para ver a MINHA gente, para viver o MEU Benfica.
Desejo ardentemente que este texto sirva tanto para os mais novos como para os mais velhos que hoje fazem parte activa do nosso Benfica. É a minha humilde contribuição para a transmissão dos valores do Benfica que anda tão arredada dos sentires de quem faz hoje parte da estrutura mais imediata do nosso clube. Tal como achei que deveria puxar para cima quando outros puxavam para baixo (ver o meu último post neste magnífico espaço de Benfiquismo), também hoje acho que devemos nivelar por cima o que outros tem arduamente tentado nivelar por baixo nos passados dias. Sem apontar o dedo a ninguém mas com a convicção que todos perceberão o subliminar deste texto.
Quando as coisas estão mesmo más, quando a crise apertar mesmo, quando as pessoas estiverem sem esperança, quando a vida não vos ajudar, quando estiverem por baixo, procurarão refúgio onde todos o fazem. Na família! E eu não conheço maior família e com maior capacidade de entreajuda que a família Benfiquista.
Para o bem e para o mal, nós estamos estaremos sempre lá. Sempre!
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Viva o Benfica Porra!
Escrito por:- nunomaf
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