sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

E uma Onda, sabem como se faz?

Numa sexta-feira, por volta do meio dia e estando eu em S. Francisco, telefona-me um Amigo da Cidade do México a perguntar que planos tinha para o dia seguinte: “falei com a Graça (a minha mais que tudo), ela disse-me que estavas por aí e que vais ficar até meio da semana; tens planos para amanhã? Se não tens, agarra na máquina de filmar e encontramo-nos, às 8 no lobby do hotel”.
Disse-lhe que sim e perguntei o que íamos fazer: “vou-te mostrar aquilo que te prometi há uns cinco anos”. E continuou a não dizer nem onde era, nem o que seria.
E assim foi, lá fui eu com ele e com a câmara que cravei a um Colega.
Carro até a uma marina e … barco! Ok, tudo “normal”, atendendo a que este meu Amigo, depois de herdar uma fortuna, a transformou em “dinheiro a sério”, coisa para mais de mil milhões, seguramente.
Amena cavaqueira enquanto “matamos o bicho” e ele … moita: nem uma palavra sobre onde íamos. Um par de horas depois, aparece a tripulação (que era dele, ainda que o barco fosse alugado) a convidar-nos para entrar nuns fatos de borracha, lá em cima na “flybridge” e … a cara do meu anfitrião iluminou-se: “anda, está na hora!”.
Como toda a gente, eu também adoro boas surpresas, mas este “suspense” já ultrapassava os limites do razoável, até porque toda a gente ria a bom rir, todos ... menos eu.
Lá em cima e com mar a toda a volta (estaríamos a umas 40 milhas da costa), começo a enfiar-me no fato e a insistir que me digam onde vamos e o que vamos ver. De repente, pelo meio das rizadas, ouço o que não queria ouvir: “Shark Park”.
“Adondi?” (“oú ca, jamais?” que a língua era a francesa)? "Nem a brincar e por mais que se riam!"
“Não é desses, já vais ver”, tentam tranquilizar-me enquanto riem mais ainda e me “ajudam” a entrar no fato.
“Olha, olha para ali!”, dizem-me. Eu olho e vejo, ainda a umas 2 milhas, uns quantos barcos no meio do mar … espera, há, ali, uma “imperfeição” na linha do horizonte e … parece que deitaram tinta branca, ou leite, na água …

A cerca de 45 milhas da costa, entre S Francisco e Los Angeles, existem uns baixios rochosos. Nesses baixios e em certas condições de corrente e vento, as ondas de oeste (SW-W, para ser rigoroso) tornam-se instrumentos da Natureza para um dos espectáculos mais formidáveis que eu já vi: do mar, de um mar calmo de 2 metros, “levantam-se” sucessivas “piscinas olímpicas”, assim uns “monstros” com uma centena de metros de largura e uns 20 de altura.
Um fenómeno indescritível (espero que, pesquisando na Net, encontrem imagens e/ou descrições de quem tenha o talento para as fazer).
E ... eu, eu chorei a ver aquilo. Eu agradeci ao meu anfitrião mais de mil vezes por aquela tarde. Eu vi aquelas ondas por todos os lados: da direita, da esquerda, de trás, de frente (a uns bons 500 metros da rebentação) e, ate, “de cima”, a uns 10 metros da crista da onda. Eu teria lá ficado até anoitecer, não fosse o condutor da mota de agua confessar-me que já estava cansado.

O mar vem, normalíssimo e lindo. De repente, emociona-se. O mar acredita que pode e começa a levantar-se. Levanta-se, levanta-se mais e mais e ... mais ainda. Começa com um tremor, que se faz som, depois grito, depois ovação.
O mar, contente, levanta-se ainda mais, alucinado e alucinante, e … começa a fazer uma vénia a quem o vê. Começa a curvar-se, depois dobra-se e, quando já não se consegue ouvir mais nada, o mar desfaz-se em 30 metros de altura de espuma, numa chuva de branco e arco íris e por dentro de uma centena de trovões. Já radiante, o mar estende uma estrada de neve borbulhante, brilhante. Umas centenas de metros de sorrisos e brincadeiras sem parar, sempre a correr. Finalmente, aquele mar, talvez cansado de ser diferente, retoma a cor e a velocidade do resto do mar, mistura-se e … perdemo-lo de vista, já ensurdecidos por nova vaga de mar emocionado.

Podias ser ainda mais maravilhoso?
Podia, se fosse em tons de encarnado e vermelho rubro!
Mudemos de “onda” …

Na Catedral, quando cheia como um ovo, quando a Vitória nos vem “visitar” e dizer que o desafio vai começar … sabem a sensação? Já todos a vimos e aplaudimos, extasiados, mais de cem vezes e … não conseguimos tirar os olhos dela, certo? A Vitória, a voar na Catedral, é outra maravilha da Nossa Natureza! Irresistível, Avassaladora, Linda …
De novo (e sempre), lá na Catedral e com ela bem cheia (como sempre devia ser), façam uma outra experiência: antes do desafio iniciar, desçam até ao nível do relvado e voltem-lhe as costas.
Isso mesmo: fiquem a olhar para as bancadas!
Fiquem assim até que … a Equipa entra em campo e o que vêem? O que sentem?
Levanta-se aquele mar vermelho. Emocionante de bandeiras e cachecóis. As imagens e o som cortam-nos a respiração … quase assusta!
Se já fizeram a experiência, então sabem muito bem do que eu estou e continuo a falar.
E o que sentirá um Atleta diante deste espectáculo? Por mais vezes que ele o veja, não é difícil imaginar que é coisa inesquecível, de cada vez que acontece.

Mudemos, uma vez mais, de onda.

Estão a ver aquela “hola” que os mexicanos nos ensinaram há 40 anos?
Claro que sim! Não há um de Nós que ainda a não tenha feito, lá na Catedral. Lindo, não é?
E a Alegria suprema, depois de um golo na baliza certa? As bancadas a saltar, deitando vermelho, embrulhado em abraços e gritos de incentivo? Soberbo, certo?

São ondas, Companheiros! São ondas, lindas e Benfiquistas! São a afirmação dos Nossos Valores e da Nossa Alegria em estar com a Equipa!
Difícil de fazer? … Nada, basta lá estar! E na “hola” basta lá estar, estar atento, levantar erguendo os braços e voltar a sentar.

Regressemos àquelas ondas do “Parque dos Tubarões” …. Sabem como se faz “aquilo”? Muito simples e eu vou explicar.
Estiquem o dedo indicador e coloquem-no, “de pé”, como se fossem escrever no tampo dessa mesa.
Já está?
Então, agora, “desenhem” uma roda … e acabaram de ver a ponta do vosso dedo fazer, exactamente, o mesmo que faz cada uma das moléculas de H2O que fazem do “Shark Park” aquela maravilha que eu não soube descrever, nem de longe.

?????????????

Sim, exactamente a mesma coisa! Exactamente o mesmo movimento e, fosse a ponta do vosso dedo uma gota de água, no meio de milhões de outras parecidas e … veriam o mesmo que eu vi!

Com gestos simples, com Alegria e Benfiquismo, foi assim que fizemos a Onda que quase “afogou” o POLVO há poucos meses. Assim mesmo, Companheiros, fá-la-emos de novo e quantas vezes quisermos.

Basta estarmos lá. Basta querer gritar ….

Sou, soouu, sou, soouu, BENFIIIIIIICAAAAAA.

Viva o Benfica!

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