quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Recordando a VERGONHA

Rasga essa máscara que te tolda o olhar
E atira-a à arca ancestral da celebração
É dia, e de dia, proíbam de te visitar
Homens feitos árbitros ávidos de ambição

Sem que te arranquem da garganta molhada
A interjeição danada do depravador
Engolirás processos de gente comprada
Duma "comida" servida em pratos de dor

A sucessão de vitórias alcançadas
Reduzirá os mundos que tu sonhas
Por serem vitórias de verdade, eivadas
Por prémios entre fraudes medonhas

E tu mesmo, após a árdua e vil campanha
Fruto somente duma vontade cega
Uma tendência obscura de voz tamanha
Que te levará a chorar sobre a refrega

O desiderato que te levou à ávida vitória
E as influências que te levaram à trapaça
Serão as mesmas que te tirarão a glória
Quando o teu ego não souber calar a desgraça

As lágrimas cairão sobre pedra fria
E na consciência do cidadão elogiado
Surgirá o arrependimento de um dia
Seres o elo mais fraco do Apito doirado

E aí, entre o crepitar de baixos olhares
Entre sorrisos que “falam” em voz tristonha
Ou te aplaudem, subindo aos altares
Ou nesses altares, chorarás de vergonha.

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