domingo, 8 de novembro de 2009

Ricardo Pereira no seu melhor

Esta vida são dois dias e 'forever' são 171
O treinador do sétimo classificado do campeonato nacional demitiu-se e, surpreendentemente, os jornais não falam de outra coisa.
Para um clube que se queixa de falta de atenção da imprensa, estes só podem ser dias muito felizes.
Adeptos e dirigentes do Sporting protestam muitas vezes por terem menos espaço nas primeiras páginas dos jornais do que os principais adversários.
Talvez seja verdade: dos três grandes, o Sporting será o que tem menos visibilidade na imprensa. Mas, dos clubes do meio da tabela, é o que tem mais.
Eis o lado positivo da questão — no qual os sportinguistas, pessimistas como só eles, nunca reparam.
Três ou quatro meses depois de terem dado um esmagador voto de confiança a um presidente que lhes tinha prometido «Paulo Bento forever», os sportinguistas exigiram, através de lenços brancos, faixas insultuosas e desacatos, que o treinador fosse despedido.
O presidente não lhes fez a vontade: Paulo Bento não foi despedido, demitiu-se. Não foi o Sporting que disse a Paulo Bento que não estava mais interessado no seu trabalho.
Foi Paulo Bento que comunicou ao Sporting que o clube não era suficientemente ambicioso, competitivo e decente para ele. E ainda diziam que o homem não tinha visão nem percebia de futebol. Afinal, era das pessoas mais perspicazes que o Sporting tinha.
No entanto, na hora da saída, Paulo Bento fez algumas declarações que contrariam um pouco a ideia de que faz análises sensatas do momento que o Sporting atravessa.
Disse, por exemplo, que os sportinguistas deveriam deixar de ter o actual complexo de inferioridade em relação ao Benfica. Qualquer observador isento sabe que não se chama complexo de inferioridade àquilo que os sportinguistas sentem.
Chama-se simplesmente realismo. Enquanto o Benfica despachava facilmente a equipa que, no ano passado, ficou em quinto lugar no campeonato inglês, o Sporting esforçava-se por empatar em casa com uns desconhecidos.
Pedir a esta gente que não tenha complexos de inferioridade em relação ao Benfica é como dizer ao Zé Cabra que não deve sentir-se inferior ao Pavarotti.
Neste momento, o Sporting precisa de calma.
Há que contratar um Manuel Cajuda qualquer e começar a lutar seriamente pela manutenção, quem sabe até pela Europa.
E, para o ano, esperar por adversários um pouco menos poderosos do que o Ventspils, e tentar fazer um brilharete.
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Por Ricardo Araújo Pereira
IN ABola

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