Calma, muita calma

Carta a Jorge Jesus.

Como é do conhecimento geral sou teu fã. Estás a fazer um trabalho extraordinário no Benfica, levando a que, nós sócios e todos os simpatizantes, andemos contentes que não eufóricos. A alegria deve ser comedida, não deixando que se alastre a euforia.
Os caminhos que vamos ter que percorrer estão cheios de acintosas curvas. Teremos também de caminhar sobre campos minados, quais selvas, em que os “macacos” tudo farão para nos fazer tropeçar e cair. Compreendo que, ainda és um jovem, não ingénuo é verdade, mas por certo que não estás habituado a certos desmandos ou valas a saltar em virtude de nunca teres treinado um clube com a grandeza do Benfica. Acredita que os inimigos viscerais atacarão. Estou certo disso. O que no fundo te quero dizer, na minha humilde palavra, é que ponhas alguma água fria na fervura para que não dês azo a mentes distorcidas que, embora nunca adormecidas, sentirão as “picadas” da força do Benfica e daí às malevolências gástricas é uma questão de tempo. Alguma contenção e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Por isso, aprende a ver, fazer e calar, para que, em vez de te ouvir, possam ver o teu trabalho que, estou certo, não precisará de palavras para ser visto como brilhante. Semana a semana, as setas, disfarçadas de agulhas, estarão apontadas à nossa equipa. Veja-se, por exemplo, no jogo com o Leiria, em que um jogador desse clube, após ter visto a cartolina amarela, dá duas cacetadas no DI Maria, qual delas a mais grave, e ficou em campo. São atores como estes com a complacência vendida de homens do apito que estarão ao serviço de quem nos quer arrasar e não nos deixar vencer. Gostaria que me ouvisses e parasses um pouco para pensar: Trabalhar como o tens feito até aqui e palavras só no fim. E se possível, até no fim, em vez de palavras, porque não UM SORRISO de vencedor, que falará por mil palavras.

Força Jorge Jesus