Peguntavam-me outro dia o que eu achava que tinha mudado nestes últimos anos...
Achei a resposta simples demais para poucas palavras. Então o que foi que significativamente mudou neste últimos anos?
Simples.
Antes via o meu Clube ser roubado e os outros beneficiados e ainda por cima era enxovalhado pelos comentadores de serviço na SporcosTV.
Hoje vejo o meu Clube ser roubado e os outros beneficiados mas usufruo do luxo de ter comentários isentos, sérios e inteligentes. Onde? Pasme-se. Na Benfica TV.
O resto meus amigos... Não mudou nada. Os beneficiados são sempre os mesmos. E a situação mantém-se.
Mesmo que queiramos ser intelectualmente honestos e se admitam as nossas culpas no resultado final da partida contra o Belenenses, nada mudou no nosso futebol. O apito dourado não serviu de nada e as os podres continuam podres e os parvos continuam parvos.
Sabem que mais? Estamos acomodados. E não é só no futebol. Um país decente não admitiria cambalhotas jurídicas com as que permitiram que alguns candidatos fossem a eleições nestas passadas autárquicas.
Acomodados? Não. Acobardados. Hoje cultiva-se o medo da autoridade quando se deveria cultivar o respeito. As acções repressivas são por demais evidentes e tem como objectivo único o de manter o estado actual de coisas aproveitando uma resignação incompreensível do povo Português.
Nota-se isso no comportamento das pessoas. Nos comentários que se fazem. Nos comentários que não se fazem.
O nosso Futebol é hoje um reflexo do nosso País. Clubes que se deixam amordaçar, Clubes que tentam amordaçar outros. Se reclamas e não estás dentro da "linha" ou escolhes mal as tuas amizades, podes ter a certeza que entras na lista do sistema como um alvo a abater.
Hoje no nosso País tudo se passa da mesma forma. O povo reclama? Então toma lá com mais impostos para piares mais fininho. O povo manifesta-se? Então toma lá com umas bastonadas e com a entrada priveligiada na base de dados das forças de intervenção onde te registam como "indivíduo potencialmente perigoso e subversivo" enquanto ao mesmo tempo te põem a vida ao desvario.
Mesmo que nunca antes se tenha tido um único problema com a lei, passas de um dia para o outro a ser um perigoso meliante. E se tens o azar de cair nas barras dos tribunais podes ter a certeza que te fazem a folha pois a nossa justiça é cega mas sabe muito bem qual o prato da balança que deve pesar mais.
Somos meros peões. O povo de um lado e os Benfiquistas do outro. Peões que se mudam ou retiram do tabuleiro sempre que tal seja necessário para garantir o poder num caso ou a hegemonia noutro.
Podre Futebol. Podre País de gente pequena que nos governa e justicia.
A minha raiva hoje é mais que muita e a vontade de regressar cada vez menor.
Haverá concerteza gente no nosso País com vontade de dar um murro na mesa. Gente capaz de o fazer. Mas neste momento temos medo das consequências. Medo das represálias. Medo de fazer sofrer. Medo de sofrermos nós próprios.
Futuro? Mas que futuro? Haverá realmente um futuro para o povo Portugês ou para os Benfiquistas enquanto não houver uma libertação? Um passo decisivo em frente?
A nossa história foi feita com gente de coragem. Gente com visão e olhos no horizonte. Hoje os olhos do povo estão no chão. Assim como os dos Benfiquistas. Resignamo-nos a andar de ombros encolhidos, mãos nos bolsos e aos pontapés às pedras soltas da calçada enquanto vamos pensado "o que é que se há-de fazer...?".
Chega. Em vez de nos unirmos e de darmos uma mensagem de união e apoio claro e inequívoco somos cada vez menos os que vão ao estádio. Somos cada vez menos aqueles que votam. Somos cada vez menos aqueles que realmente se preocupam.
O povo Português tem de saber que é ele que comanda realmente os destinos do nosso País e não meia dúzia de iluminados que continuam à procura da fórmula mágica que lhes permita manter as suas cadeiras e o seu status quo e ao mesmo tempo continuar a mamar na teta da grande vaca que é o nosso País.
Uma minoria corrupta. Activamente corrupta, comanda hoje e decide sobre os destinos da maioria dos Portugueses. No futebol tudo se passa da mesma forma. Mais grave ainda! É que no futebol tudo é feito às claras!
Então se Luís Filipe Vieira sabe dos encontros nos hotéis, nos restaurantes e nas casas de alterne da Madalena, as autoridades não sabem? Ninguém denuncia?
E o assalto à Federação? É preciso o quê para sabermos o que se passou e a quem beneficiou tal empreitada?
Andamos sempre com meias falas, conversas meias porque ninguém quer tomar as rédeas na contestação. E quando aparece alguém que o tenta fazer somos nós próprios que rapidamente lhe reduzimos a ideia a um mero fio de pensamento, que se dissipa rapidamente auxiliado pelos assassinos avençados de serviço, que munidos de uma caneta ou de um teclado sem fios são tão letais quanto os peidos do bufento.
Falta-nos coragem, não só de nos fazermos ouvir mas também de dar o apoio devido a quem se quer fazer ouvir. Somos nós próprios a linha avançada do sistema quando nos dedicamos a escalpelizar os textos de outrem no mero intuito de lhes retirar todo o sentido e de destruir uma ideia sob a capa dos vários "ismos" com que nos apelidamos a nós próprios.
Por isso é que eu digo que nada mudou. Apenas mudou o local onde nós vemos tudo acontecer da mesma forma. Somos meros receptores de informação repetida ano após ano.
Este início de campeonato personifica o mais violento ataque dos últimos 20 anos, perpetrado pelo sistema e sempre com o objectivo de abater, destruir, vilipendiar, roubar, assassinar o Benfica.
Somos diariamente bombardeados com mensagens anti-Benfica em quase todos os meios da nossa comunicação social escrita ou áudio-visual, notícias cuidadosamente alteradas ou maliciosamente ordenadas, utilizando como arma de arremesso o enorme sentimento que todos nutrimos pelo nosso Clube.
E depois para piorar este sentimento de injustiça, vêm a noção, a malvada noção, de que não fizemos tudo o possível para podermos ter já triunfado sobre todos estes inimigos. Que existem tomadas de decisão que acabaram por ser decisivas para o nosso actual estado de coisas.
Que não soubemos manter-nos distantes da podridão do nosso futebol e acabámos enredados num novelo de mentiras, de dissimulações, para as quais obviamente não estávamos preparados pois não temos os anos de experiência e a ausência de carácter que é tónica das gentes que se movimenta à vontade nestes meios mais obscuros.
Fomos anjinhos. Se é que se pode considerar quem está à tantos anos no meio empresarial como anjinho.
Agora talvez seja tarde de mais para emendar tão grande erro.
As responsabilidades dividem-se dizem uns. Assacam-se a terceiros dizem outros. Mas continuamos parcos de responsabilização. Parcos em mobilização. Parcos em ideias firmes e claras sobre o que queremos para o Benfica.
E isto é transversal a todos os Benfiquistas. Quer eles sejam membros dos Órgãos Sociais do Clube, Assalariados, Comunicadores, Sócios ou meros Adeptos.
Se o Benfiquismo actual fosse plasmado em vinil, diria que existe um disco com o lado A e o lado B que toca constantemente em todo o lado. E para minha grande mágoa ambos os lados desse risco estão riscados. Já não passam a mensagem. Já não esclarecem nem nos dão prazer em ouvir a suas melodias.
É uma metáfora. A minha metáfora. Para mim é hora de trocar o disco. Já não posso mais ouvir os constantes soluços de um lado e de outro.
Pede-se... Que raios. Peço eu, que apareça alguém que consiga aglutinar as massas. Que nos devolva a crença e seja capaz de mentalizar os nossos profissionais para serem sempre primeiros em tudo o que fazem. Que nos devolva a mentalidade vencedora.
Mas acima de tudo que os Benfiquistas não estejam contra o Benfica. E que os Sócios se lembrem que são eles os responsáveis também pelo actual estado de coisas. Desde os cento e tal que votaram a alteração estatutária realizada no mandato do actual Presidente, aos que o sufragaram novamente nas últimas eleições, passando por todos os outros que simplesmente não foram votar.
E não me falem em legitimidade. Para isso é que existem eleições. E a oposição a LFV foi do mais fraquinho que me foi dado oportunidade de assistir, e por isso a clara margem de vitória de LFV legitimou o seu mandato desportivo. E legitima também a clara falta de discurso e mobilização que nos agrilhoa enquanto Benfiquistas.
Por isso meus amigos a única que coisa que mudou foi mesmo o privilégio de hoje vermos os nossos jogos na nossa TV.
Um abraço desde Angola e Saudações Gloriosas,
Nuno Fernandes (nunomaf)