sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Benfica “tem” de vender, ou “deve” vender? ( II )


Começo este texto por esclarecer que não tenho qualquer fonte interna de informação que me indique que o Witsel esteja para ser transferido nesta pré época, pelo que apenas me referi a este Atleta no texto anterior a titulo de mero exemplo.

Desfeito esse engano (e aqui ficam as minhas desculpas se o induzi), quero regressar ao tema em titulo porque vários dos comentários feitos antes, quer ao meu texto, quer aos posts ulteriores, por muitos Companheiros, me permitem concluir que ainda há quem não tenha entendido perfeitamente como se refletem os custos com Atletas e quais as suas consequências.

Que fique muito claro que também eu detesto esta certeza de que, pelo menos até ao final do mês, estamos sujeitos a ter de ver partir algum dos Atletas mais determinantes para a Equipa, sobretudo naqueles casos em que a respetiva ‘substituição’ mais difícil poderia vir a ser (e por isso o exemplo do Witsel), mas quero combater o efeito que esse risco tem sobre muitos de Nós.

A questão da ‘indefinição’.

Tal como dizia, muito bem, o Companheiro Guachos, esta ‘indefinição’ (ou insegurança, ou risco, chamem-lhe o que preferirem) existe para todos os clubes no mundo e a ele já não escapam nem aqueles que estão na lista dos ‘mais ricos’. Se repararem bem, nem sequer serve de argumento referir que há uns 4 exemplos (Real, Barça, Chelsea e Bayern) que não perderam, nos últimos anos, nenhum dos seus melhores atletas e o argumento não serve pela exata razão que levou o United a ‘sair’ da lista (quando perdeu o CR7): com os ‘dinheiros’ oriundos da Rússia, dos Emirados e (em breve) da China a subverterem os princípios do Fair Play Financeiro, nunca mais ninguém vai poder dormir tranquilo.
Argumentam alguns que se a SAD construísse uma Equipa com 3 GR e mais 22 Atletas, um par para cada posição de campo, capazes de competir (dois a dois) pela titularidade, então poderíamos dormir … tranquilos. 

Espantosamente, há quem acuse a SAD de o não conseguir (e com 25 Atletas, nem um a mais), rotulando-a de ‘incompetente’, quando não serão capazes de indicar um só exemplo, um só em todo o mundo, que tenha atingido aquele ideal. Espantosamente, parecem esquecer que nem aquele suposto ‘ideal’ permitiria a tão desejada tranquilidade, uma vez que qualquer ‘venda forçada’ em cima do final de agosto, implicaria que a Equipa ficaria com uma ‘debilidade’ (pela falta de concorrência pela posição e pela falta de um suplente de qualidade) e como eu não acredito que alguém sugira que essas ‘debilidades’ deveriam ser supridas, agora, pela Equipa B, disso resulta que aos suprarreferidos 25 Atletas a SAD teria de ter mais … ONZE.

Os custos salariais.

Extraordinário foi a SAD conseguir ‘segurar’ Atletas como o Luisão, o Maxi, o ‘Tacuara’, o Javi ou o próprio Gaitan e todos sabemos que isso só foi conseguido com uma gestão muito cuidada dos respetivos salários, mas nenhum clube com o Nosso nível de Proveitos os poderia segurar sem ter perdido o Di, o Luiz, o Ramires e o Fábio, por várias razões e porque lhes foram oferecidos salários (líquidos) que representam o quádruplo do que a SAD lhes estava a pagar.  
Vem, agora, a propósito esclarecer os que dizem coisas do calibre de “deram 8M pelo Olá, mas não deram 5 por aquele argentino que está a congelar lá pelo Daguestão” e esquecem que 2 anos de salários do Ansaldi ultrapassariam o custo total (compra mais salários atuais, por 5 anos) do holandês.
 
Esquecem as razões pelas quais tivemos de pagar os empréstimos do Reyes e do Sálvio (para que eles continuassem a receber os salários com a fiscalidade de Madrid). Tal como esquecem que o mais certo é que o valor da transferência do Sálvio também seja função do facto de ele ter aceite diminuir o seu salário para bem menos de metade (em termos líquidos).
Sabe-se que a SAD já aumentou os salários do Witsel e do Gaitan (tal como tinha feito ao Fábio e ao Luiz), mesmo sem renegociar nem o prazo do contrato, nem a famigerada ‘cláusula de rescisão’, medidas essas que só podem ser interpretadas como orientadas para os manter na Equipa bem motivados (ainda que eu pense que, para os que dela ainda necessitam, não há melhor motivação do que mostrar-lhes que não têm lugar garantido … nem no banco).

Custos e Proveitos, em vez de despesas e receitas.

Os Benfiquistas devem, de uma vez, entender que o que o Grupo Benfica tem de manter controlada é a diferença (que tem de ser positiva) entre os proveitos e os custos, por forma a continuar a ter uma exploração lucrativa (um cash flow positivo), mesmo depois de pagar os juros pelos empréstimos que obteve e por forma a garantir o crescimento dos Capitais Próprios e a melhoria da relação entre Activo e Passivo. 
O ‘equilíbrio’ da tesouraria (receitas menos despesas), esse não constitui nenhum problema de gestão, uma vez que o Grupo, por ser ‘lucrativo’ não tem dificuldade em se financiar.

O ‘núcleo duro’ da Equipa.

Os Benfiquistas devem desiludir-se se pensam que o ‘núcleo duro’ da Equipa já pode ser formado por Atletas da qualidade e da idade dos Witsel, Rodrigo, Gaitan, Di, Luiz, Ramires e Fábio!
Não se iludam com o discurso demagógico dos que dizem que “o Benfica não é um Clube qualquer” e que nos querem ‘comparar’ com os que conseguem 3 ou 4 vezes mais proveitos (em direitos de TV, em sponsors, em bilhética, em merchandising etc.).

Convençam-se, de uma vez, que se o Melgarejo, e o Olá, tal como o Rodrigo e o Nelson, vierem a ‘explodir’ e a revelar-se talentos do gabarito do Witsel, só deixando sair um (ou dois) deles em cada época é que a SAD conseguirá manter os outros e investir em mais novos Atletas promissores.
Se o acórdão ‘Bosman’ tivesse surgido há 70 anos, nunca o Glorioso teria sido Campeão Europeu (ou teria de o ter sido sem alguns dos seus melhores Atletas)!

Desde que ele foi proferido, o Glorioso só agora está a deixar de ser um ‘entreposto’ de Atletas e para muitos de altíssimo nível, num processo tão lento e seguro que só se torna perfeitamente percetível quando comparamos o Plantel que tínhamos há uns anos (quando ficaram concluídos os investimentos em infraestruturas)  com o que temos atualmente. Este é um processo que ainda vai ser amplificado com a rentabilização dos direitos de TV (já falta tão pouco, depois de tanto sacrifício) e o eventual reforço de sponsors como seria o ‘naming’ da Catedral.

Se é verdade que os Benfiquistas devem discutir o Clube e, especialmente, o seu futebol, convinha que recordássemos a frase socrática do “só sei que nada sei” (tem mais de 2000 anos, caramba!) e que deixássemos de alinhar barbaridades (uma das que eu mais detesto é aquela do “vendam o X e o Y, mas não vendam o Z”) que mais parecem saídas da boca de um teenager militante do Football Manager, mais para mais quando desaguam no famigerado “não sei o que é que o Rui Costa lá anda a fazer”.

Viva o Benfica
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Escrito por: José Albuquerque.                  


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