domingo, 19 de outubro de 2008

A saudade é o estigma que fica passados que foram os tempos. Confesso que não sou um saudosista mas como todo o ser mortal, também por vezes me deixo embalar pelas recordações.
Habituei-me como todo o bom português a desde sempre a viver intensamente o Benfica.

Tinha 11 anos quando, pelas 09H00, sozinho, apanhei um barquito em Alcochete – sem bilhete , mas lá deixaram entrar o catraio – e rumei a Lisboa.
Chegado, caminhando a pé, à deriva, perguntando aqui e ali, desde os Restauradores, lá cheguei ao Estádio da Luz. Abençoada viagem.
Embora depois ... já conto, lol. ( E a fome que eu passei, lol )

Sentei-me sobre um muro e chorei. Chorei de alegria por ter diante de mim a maior e melhor visão da minha vida.

Era o Estádio da Luz, que eu ouvia falar nos relatos de uma pequena telefonia que existia lá em casa.
Foi um momento inolvidável que nem as duas bofetadas que levei do meu querido pai - pois lá está, lol - quando cheguei pelas 23H00 (11H00 da noite), a casa, uma barraquita escondida por terras do Campo de Tiro de Alcochete. ( É que fui a pé de Alcochete até ao Campo de Tiro, lol)

Foram as últimas que levei. Teve razão o meu estimado progenitor. Não disse a ninguém onde vinha. Nem eu sabia bem onde vinha, só sabia que no destino estava o meu pensamento e a áurea da minha felicidade.

Alguns meses depois e ainda com 11 anos, disse para o meu pai: Vou-me embora. Vou para Lisboa. Era definitivo. Era a imagem que se tinha implantado no meu coração.

O meu pai chorou, porque sabia que eu vinha mesmo. E vim. Sozinho à procura da aventura, arranjei emprego num café em Ponte de Frielas e todos os Domingos que havia jogo, lá "fugia eu do café" e ia ao Estádio da Luz.

Não tinha dinheiro para o bilhete mas tinha a vontade de, como qualquer miúdo, arranjar ali “um pai” que pela mão me fazia entrar na Catedral.

Vi jogar todos os Enormes jogadores que passaram pelo Benfica a partir de 1967 - como estou velhote, lol - mas um deles, pela sua simpatia – até porque já falei várias vezes com ele – marcou a minha juventude.
Não, não é Eusébio da Silva Ferreira, o maior idolo de todos os idolos.

Refiro-me a José Henrique, celebrado como Zé Gato, um jogador ágil, voador, felino, a fazer inveja à melhor águia.
ZÉ Gato, jogou no Glorioso 12 épocas (66/67 até 78/79) Realizou 298 jogos, tendo no seu currículo 8 campeonatos nacionais e 3 taças de Portugal. Foi 18 vezes internacional.

Vindo do Atlético, José Henrique, (Zé Gato) chegou ao Glorioso. Viviam-se tempos de alguma incerteza no Baliza do Benfica. Costa Pereira, encontrava-se no ocaso da sua brilhante carreira, havendo outro guarda redes, Nascimento de seu nome, que nessa altura defendia as cores vermelhas.

Zé Gato, rapidamente se impôs, conquistando a confiança de todos os benfiquistas, partindo para gloriosas etapas – épocas – com o estatuto de intocável.
É hoje técnico das camadas jovens do Glorioso. Um homem simples, honrado, benfiquista dos sete costados, um símbolo.

Ontem, voltou à baliza benfiquista. Não, não pensem que voltou à actualidade como guarda redes, até porque o Glorioso, tem bons jogadores nessa difícil posição, como são Quim e Moreira, mas sim, para uma merecida homenagem feita pelo Benfica.

Foi homenageado “pelos serviços prestados ao Benfica e ao futebol português, no Estádio do Bravo (Seixal) e aproveitou para “conviver com velhos amigos e também adversários.
Com as presenças, entre outros, de José Augusto, Mozer, Veloso, Carlos Manuel, e Hernâni, a maior surpresa para Zé Gato surgiu instantes antes do apito inicial. O seu filho, Henrique José, veio de propósito de França para participar na homenagem ao pai e rendê-lo, depois, na baliza da equipa de antigas glórias do Benfica.


Zé Gato!!! Mas jogar de óculos??????, lol. Mudam-se os tempos, mudam-se os ... visuais, lol.

Um abraço ao ENORME Zé Gato.

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